Alckmin afirma que hipótese de ser vice de Lula ‘caminha”
Ex-governador de São Paulo falou sobre a possibilidade de chapa comum em reunião com representantes de centrais sindicais
Publicado em: 29 de novembro de 2021
Na manhã desta segunda-feira, 29, Geraldo Alckmin participou de uma reunião com representantes da Força Sindical, UGT, CST e CTB, em São Paulo. O convite para a reunião foi feito na sexta-feira e aceito prontamente. A reunião foi marcada por declarações de apoio a proposta de Alckmin, que está deixando o PSDB, ser vice de Lula em 2022.
A exceção da CTB, presidentes das demais centrais presentes foram, segundo reportagem do jornal O Globo, enfáticos na proposta, com apelos para que Alckmin aceitasse. Ele disse ter se preparado novamente para concorrer ao governo do estado, mas afirmou que “surgiu a hipótese federal”.
— Preparei-me novamente pra ser governador do estado. Surgiu a hipótese federal. Os desafios são grandes. Essa hipótese caminha e eu considero essa reunião com as quatro principais centrais histórica.
A fala de Alckmin mostra que a proposta feita na conversa telefônica com Lula, noticiada no dia 10 de novembro, parece ter avançado. Até então, o ex-governador limitava-se a dizer que sentiu-se honrado, fazendo questão de destacar que tratava-se de uma conversa inicial, enquanto mantinha abertas a possibilidade de vir como governador e negociava com um amplo leque de partidos, como o PSB, PSD, União Brasil (DEM-PSL) e até mesmo o próprio PSDB, do qual ainda é filiado e que viveu brigas e uma disputa acirrada em suas prévias, vencida pela ala do governador João Doria.
A própria movimentação destas centrais sindicais em buscar a reunião também indica que o diálogo deixou de ser apenas troca de afagos entre Alckmin e Lula. O líder petista não se pronunciou. No entanto, lideranças importantes do partido, como o senador Jaques Wagner, têm se pronunciado apoiando a proposta.
Um erro histórico
Lula e o PT buscam Alckmin como forma de acalmar a burguesia e esvaziar tentativas de setores do capital de erguer uma candidatura em “terceira via”, como Eduardo Leite, Sergio Moro, Doria ou Simone Tebet. Trata-se de um grave erro. Gestos da esquerda para conquistar a “confiança” da direita não são garantia de nada. Dilma Rousseff, após sua reeleição, colocou um nome do mercado financeiro no comando da Economia (Joaquim Levy) e aplicou um duro plano de ajuste liberal em 2015, o que não impediu que a classe dominante, incluindo Alckmin e o então vice, Temer, apoiasse o golpe de 2016.
As alianças com a direita levam à renúncia do programa da esquerda. Para ter a “confiança” da burguesia, Lula não poderá assumir o compromisso, por exemplo, de revogar o legado do golpe. A reforma da previdência e a trabalhista, as privatizações, todos ataques democráticos e sociais aplicados no último período não devem ser anulados por um novo governo da esquerda? Como atender as demandas do povo trabalhador e oprimido (alimento, emprego, moradia, educação, saúde, direito à vida e cultura) ao lado de Alckmin, o carrasco do povo do Pinheirinho? Como combater a fundo o racismo estrutural, que está na raiz das nossas desigualdades sociais abissais, sem enfrentar com profundidade os privilégios seculares da burguesia?
Prosseguir neste caminho significará o abandono do programa de defesa de mudanças estruturais no país, provocando o desânimo nas fileiras da esquerda, diante de um programa rebaixado para agradar as elites, e menor capacidade de gerar entusiasmo na classe trabalhadora com perspectivas de mudança. Mais do que nunca, é preciso lutar por uma candidatura unitária da esquerda, sem Alckmin e a direita.
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