Em artigo publicado na Folha de São Paulo na última terça, 16, o clérigo e militante histórico traz argumentos em favor das candidaturas de Lula, PT, para Presidente e Guilherme Boulos, do PSOL, para Governador.
“Boulos tem trajetória construída ao lado dos sem-teto. Sou testemunha de sua abnegação. Foi viver na periferia e lutar com o povo mais sofrido. É uma liderança com pé no barro, faz o que prega. A coerência é valor fundamental para todos nós que queremos mudar a sociedade.”
“Vejo com preocupação militantes petistas afirmarem que não apoiarão a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) ao governo de São Paulo. A esquerda não aprendeu nada com o que aconteceu no Brasil nos últimos anos? Não aprendeu a identificar o compromisso de cada um e a importância de uma frente ampla?” Disse o Frei, não poupando críticas aos petistas que ensaiam negociar o apoio ao Governo de São Paulo a um candidato de centro/direita, ao invés de se incorporar na campanha de Boulos, que já apoia uma frente de esquerda com Lula na liderança para o Planalto.
“Boulos tem trajetória construída ao lado dos sem-teto. Sou testemunha de sua abnegação. Foi viver na periferia e lutar com o povo mais sofrido. É uma liderança com pé no barro, faz o que prega. A coerência é valor fundamental para todos nós que queremos mudar a sociedade.” Afirma o clérico, e complementa:
“Boulos esteve ao lado de Lula nos momentos mais difíceis, quando muitos se omitiram, com medo de prejudicar sua imagem frente à opinião pública. Foi às ruas defender Dilma contra o golpe. Esteve no ABC, junto com milhares de sem-teto, para lutar contra a prisão injusta do ex-presidente. Visitou Lula no cárcere de Curitiba. O próprio líder petista já me manifestou sua admiração e carinho por Boulos.”
Segundo Frei Betto, o sucesso da campanha do líder do MTST para prefeitura indica que Boulos é uma figura importante nos marcos da renovação da esquerda: “Boulos mostrou ser uma grande liderança da nova geração de políticos progressistas. E isso incomodou, em especial setores da esquerda que ainda não se abrem às novas lideranças jovens. A esquerda precisa ter a capacidade de se renovar, de mostrar caras novas. E Boulos representa essa renovação.”
Sobre a possibilidade da direção do PT vetar apoio da militância à Boulos, Frei Betto afirma: “Se o PT tomar outra decisão, paciência, é seu direito. Mas acredito que o momento histórico cobra unidade. E, caso não haja acordo, o mínimo que se espera é respeito. Ataques aos que sempre estiveram do mesmo lado e desconfianças de traição não são bons caminhos —exceto para a direita, que torce pelo fracasso da esquerda”. E complementa: “Em minha trajetória aprendi a valorizar mais o compromisso social que a filiação partidária. Essa bússola permite manter-me firme com os valores que abracei, tendo em vista o sonho de uma sociedade justa e solidária.”
Frei Betto termina o texto em tom de esperança: “Espero votar, ano que vem, em Lula e Boulos. E que os partidos da esquerda tenham discernimento para construir um ambiente de respeito e unidade, focando suas críticas naqueles que, de fato, são inimigos da maioria do povo brasileiro.”
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