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BRASIL

Possível chapa com Boulos e Silvio Almeida acende esperança na militância

Conversa sobre as eleições e o governo de São Paulo ocorreu nesta quinta-feira

da redação
fotos de Silvio Almeida e Guilherme Boulos, lado a lado. Na esquerda, Almeida usa terno cinza claro, óculos em uma foto de estúdio, com um fundo negro. Ao lado, Boulos em foto de campanha, na rua. Ele usa máscara branca, com o numero 50 roxo. Ao fundo, pessoas e uma bandeira do brasi.

Guilherme Boulos, liderança do MTST e pré-candidato pelo PSOL, reuniu-se com o professor universitário e filósofo Silvio Almeida para debater as eleições e convidá-lo a compor a chapa ao governo paulista em 2022. Os dois tomaram um café da manhã na casa do sócio de Almeida, o advogado Walfrido Warde. O encontro foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, e Silvio Almeida se disse honrado com o convite. “Me honra muito ser lembrado. O Guilherme, além de um amigo, é uma pessoa a quem admiro, por sua trajetória política, sua capacidade de se conectar com a população mais vulnerável e, ao mesmo tempo, navegar na academia”, diz o advogado. “É uma liderança incontornável para o futuro do Brasil.”

Ele diz que a conversa ainda está no estágio inicial e que nada está definido. “Tudo ainda depende de que o cenário político se torne viável”, afirma o autor do livro “Racismo Estrutural”, que disse que pretende ainda conversar com pessoas próximas sobre a possibilidade de vir candidato.

Reprodução do twitter. "Pode votar já?"

Mesmo com o caráter inicial, o encontro foi recebido com entusiasmo pela militância de esquerda de todo o país. Nas redes sociais, os comentários foram efusivos. “Simplesmente a melhor notícia do meu dia”, comentou a internauta Mieko, no twitter. “Pode votar já?”, perguntou Débora. Comentários trataram a possível dupla como “chapa dos sonhos” e “dream team”, enquanto o internauta Chaotic Good resumiu: “Não quero ouvir um único “porém”, apenas fiquem quietos e me deixem sonhar”.

A alegria com a notícia e a possibilidade da candidatura de Silvio Almeida tem motivo. A chapa expressaria não apenas o enfrentamento com os governos tucanos e o bolsonarismo, mas uma política que represente as periferias e o povo negro. “Fiquei muito feliz com a reunião. Precisaremos ter no centro do programa eleitoral o combate ao racismo estrutural, já que está provado que com racismo não existe democracia. Seria muito importante contar com Silvio Almeida para isso, um dos maiores intelectuais negros vivos no Brasil”, afirmou Paula Nunes, covereadora da Bancada Feminista do PSOL em São Paulo, também advogada e ativista do movimento negro. “A representação racial na política é uma necessidade que precisa ser suprida imediatamente. É uma pauta incontornável. Além de ser engrandecedor contar com a competência técnica do prof. e jurista Silvio Almeida na tarefa de revolucionar SP. Grande dupla!”, afirmou Yuri Silva, ativista de Salvador (BA), pelo twitter.

Uma chapa com Silvio Almeida poderia repetir a força da chapa Boulos e Erundina em 2020, que foi ao segundo turno para a Prefeitura de São Paulo, com uma campanha que empolgou a militância e as periferias, que percorria com um celtinha. A liderança do MTST tem percorrido as periferias, na construção das cozinhas solidárias do movimento e conversando com a população, em um momento de inflação e grave crise social. Em sua coluna da Folha de S. Paulo nesta semana, Boulos escreveu sobre a experiência: “É devastador. Não porque não conhecesse a realidade de carências, mas cada lugar tem sua própria dor, daquelas que não saem no jornal. Como diz sabiamente Frei Betto, a nossa cabeça pensa onde nossos pés pisam. Seria uma bela aula para os farialimers conhecerem a dona Sonia ou andar no meio da merda no Pulman.” Conclui, lembrando das lutas e projetos que são realizados nos rincões da cidade. “As periferias de São Paulo despertam um misto de revolta e esperança”

Unidade da esquerda

A reunião ocorre no dia seguinte ao pronunciamento de Fernando Haddad, no qual descartou a possibilidade de uma aliança com o PSOL na disputa ao governo do estado. Boulos e o PSOL propuseram a aliança, com Haddad vice, como parte das conversas sobre uma frente para a eleição presidencial, com Lula presidente, conforme apontou o recente Congresso do PSOL. No entanto, o PT tem recusado abrir mão da candidatura. “Respeito Boulos e o PSOL, mas temos programas diferentes”, disse Haddad, pré-candidato do PT em encontro com trabalhadores da saúde, no qual citou apoios em um possível segundo turno. “A candidatura do Boulos está colocada, a minha está sendo discutida, com outros partidos”, declarou. Entre as conversas, chamou atenção o jantar de Haddad na última semana com Geraldo Alckmin, ex-governador de SP, organizado por Gabriel Chalita.

O PSOL segue defendendo a unidade das esquerdas em São Paulo no primeiro turno, como forma de derrotar o bolsonarismo e a herança tucana. Boulos, em entrevista a Juca Kfouri, também no dia 28, afirmou. “Para derrotar a máquina do PSDB, acredito muito na unidade. Não acredito muito na autossuficiência, não acredito na arrogância ou em projetos que são próprios de cada qual. Temos feito esforço para que a gente consiga chegar numa unidade em 2022, também aqui em São Paulo”. A covereadora Paula Nunes reforça: “Temos a tarefa de romper a hegemonia de décadas de governo no PSDB. Não existe nome melhor do que de Boulos para encarar esse desafio, tendo em vista sua atuação nos movimentos sociais e o resultado eleitoral que teve nas eleições municipais”.

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