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OPRESSÕES

Conheça o podcast feminista RádioM, agora no Youtube

Hábito de ouvir podcast cresce drasticamente no Brasil durante a pandemia e conteúdos feministas têm atraído grande atenção do público. O podcast feminista RádioM, lançado em 8 de março desse ano, já conta com 10 episódios publicados e agora lançou um canal no Youtube.

Clara Saraiva, roteirista e apresentadora da RádioM
Rádio M. Reprodução da logomarca. Sobre um fundo roxo, o desenho de uma chama estilizada, em amarelo, com sombra veremelha, e dentro uma ilustração de uma menina, com uma antena na cabeça. Abaixo, em letras pretas, rádio m
Reprodução

Nós sabemos o quanto o atual momento em que o movimento feminista vem passando, tanto no Brasil como no mundo, passou também por um boom na internet. Seja através de blogs, canais de Youtube e ascensão de figuras feministas ou através de campanhas (hashtags) que viralizaram, como o #meuprimeiroassédio e #meuamigosecreto no Facebook. Podemos citar, ainda, inúmeros perfis no Instagram, seja de personalidades, profissionais, figuras públicas, seja de iniciativas coletivas, sobre uma diversidade infinita de temáticas feministas (maternidade, saúde reprodutiva, saúde mental, relacionamentos, feminismo negro, orgulho lésbico/bi/travesti/trans, violência/assédio, amor próprio, combate à gordofobia, e um longo etc). E ainda o Twitter, refletindo e pautando uma série de debates da sociedade. Coincidência ou não, a última onda feminista casou com um momento em que o acesso a conteúdos de combate às opressões se massificou via redes sociais e plataformas de pesquisa como o Google.

Clique para seguir o canal de Youtube da Rádio M

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Isso vem acompanhado com um acesso massivo da população à internet. No Brasil, em 20202, a internet já tinha chegado a mais de 152 milhões de brasileiros, um aumento de 7% em relação a 2019 (que já havia crescido 3,6% em relação a 2018). Já é possível afirmar que mais de 80% da população com mais de 10 anos têm acesso à internet em casa. O acesso aumenta conforme o grau de escolaridade e renda. O celular é a principal ferramenta utilizada, sendo encontrada em 99,5% dos domicílios (2019), seguido pelo computador com 45,1%, televisão com 31,7% e tablet com 12%.

Há alguns anos, um novo formato de mídia tem ganhando a atenção de mais e mais usuários na internet: o podcast. O termo em inglês vem da junção de “iPod”, dispositivo da Apple de reprodução de áudio, com o sufixo de broadcast, que significa transmissão. É como se fosse uma rádio, mas a transmissão se dá pela internet, e não pelas ondas de rádio, e você pode acessar o conteúdo que quiser a qualquer hora, dar pause, ouvir de novo, com um simples toque no seu celular.

No Brasil, durante a pandemia, houve um aumento espantoso do número de ouvintes de podcast. De acordo com uma nova pesquisa realizada pela Globo em parceria com o Ibope, 57% da população começou a ouvir programas de áudio só no último ano3. Realizada entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021 com mais de mil entrevistados, o estudo também aponta que o público que já ouvia passou a consumir mais podcasts – cerca de 31% dos participantes confirmaram esse aumento no período – e que o hábito se faz em meio a outras atividades. De acordo com os resultados, cerca de 44% dos entrevistados escutam programas enquanto lidam com tarefas domésticas, enquanto 38% o fazem navegando pela internet, 25% antes de dormir e 24% estudando ou trabalhando. Do total de usuários da internet no Brasil, 50 milhões (40% dos internautas) já ouviram algumas vezes podcast e 28 milhões de brasileiros tem o hábito de ouvir, sendo que 53% destes tem até 34 anos, demonstrando que é um formato de mídia acessado especialmente pelos mais jovens.

Apesar de existir há tempos4, o podcast tem se popularizado aos poucos no Brasil, e crescendo exponencialmente nos últimos anos. Há uma evidente aposta neste formato por parte de grandes veículos de imprensa, empresas de produção de conteúdo, influenciadores digitais migrando de outras plataformas e pequenas iniciativas se multiplicando. Inclusive, investidores e empresas de publicidade têm cada vez mais apostado em propagandas de seus produtos nos programas de podcast mais ouvidos. Tudo isso demonstra que a possibilidade de crescimento desta mídia ainda é grande, e muitos já dão como certo que a popularidade dos podcasts no Brasil é crescente e irreversível.

Dentre os conteúdos ouvidos, programas que abordam temáticas e pontos de vista feministas, antirracistas, LGBTIA+, tem grande procura do público. É aí que entra a RádioM! Um podcast feminista, que surgiu como iniciativa de comunicação do movimento nacional Resistência Feminista, e tem desenvolvido aos poucos o seu lugar da “podosfera”.

E assim como é na sociedade, também no universo da “podosfera” existe uma série de podcasts que expressam diferentes concepções, visões e vertentes da política e do feminismo. Nós da RádioM defendemos o Feminismo para os 99%, com uma clara perspectiva anticapitalista e marxista. Buscamos apresentar a nossa visão dos fatos e debates, sejam políticos, teóricos, culturais, com criatividade, bom humor e uma linguagem acessível. Queremos que o nosso podcast seja um momento de respiro para nossas ouvintes, de sair da dureza do dia a dia para refletir, tomar consciência, aprender. Um lugar de companhia e formação, de falar e pensar com liberdade sobre tudo o que toca a mulher trabalhadora.

No dia 8 de março desse ano, lançamos a RádioM com a publicação do nosso “teaser”. Mas é M de que? Mulher, mídia, movimento, manifesto, mudança! A cada episódio, fazemos essa pergunta e uma palavra com M puxa todo o bate-papo. Até agora, publicamos 10 episódios (o episódio piloto + 9), entre roteiros apresentados por nós e entrevistas, com uma periodicidade quinzenal. Já abordamos vários temas, desde uma análise da onda feminista e do livro “Feminismo para os 99%: um manifesto”, sobre a situação das mulheres na pandemia, sobre os crimes de Damares, sobre a obra de Lélia Gonzalez, a história do movimento LGBTIA+. Entrevistamos Luciana Boiteux sobre aborto, Paula Nunes e Jéssica Lene sobre a Chacina do Jacarezinho, Flávia Biroli sobre conservadorismo e seu último livro, além de outras questões.

Os episódios tem roteiro e apresentação desenvolvidos por uma equipe própria, composta por mulheres feministas, com uma diversidade de sotaques, raças, orientação sexual, maternidade, profissões, estudos: mulheres trabalhadoras e militantes com diferentes histórias de vida. Nem sempre é fácil aliar a rotina exaustiva de tarefas domésticas, jornada de trabalho, desgaste físico e mental, militância no movimento feminista, no sindicato ou nas redes sociais, com as tarefas do podcast. Mas tem sido um prazer enorme, e os retornos positivos do público fazem todo o esforço valer a pena!

Desde agosto, estamos num recesso para reestruturar o projeto e voltaremos com novos episódios (mais curtos!) em novembro. Acabamos de lançar um canal de Youtube onde todos os episódios ficarão disponíveis, além de em breve lançar vídeos e realizar lives com canais parceiros. Então, se você curtiu a RádioM, não deixa de seguir o projeto no Youtube e na plataforma de áudio da sua preferência: Spotify, Deezer, Google Podcasts, Apple Podcasts, etc. E no Instagram e no Twitter.
E se quiser entrar em contato, só mandar DM ou um e-mail para
[email protected].


Conheça as mulheres por trás das vozes!


Clara Saraiva tem 34 anos, é trabalhadora da UFRJ e acabou de concluir o mestrado em Serviço Social sobre teoria feminista, na UERJ. É ateia, carioca e mãe da Maria, de 2 anos. Percussionista amadora, toca caixa, pandeiro e surdo em manifestações, rodas de samba e no Carnaval.



Camila Lisboa
é trabalhadora do Metrô de São Paulo, coordenadora geral do Sindicato dos Metroviários SP, Socióloga, mestre em Sociologia pela USP, especializada na área de Sociologia do Trabalho e ação sindical.
Negra, feminista e maconhista.



Jéssica Marques
tem 28 anos, é mineira e vive em São José dos Campos, interior de São Paulo, há 10 anos. É professora de História na rede pública, diretora do sindicato dos servidores municipais, militante da Resistência Feminista, bissexual e vegetariana.



Larissa Cruz
tem 25 (quase 26) anos, intensamente escorpiana e carioca que mora na baixada fluminense. Mulher preta, lésbica, professora da rede pública, apaixonada por fotografia e podcast. Cozinheira amadora que acredita que a comida é umas conexões mais honestas entre as pessoas. Com fé em deus e nas crianças.



Mariana Percia
é ginecologista do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde de SP. Alagoana, graduada pela UFAL, faz residência médica pelo SUS-SP. Atuante na área de direitos reprodutivos e violência contra a mulher.


 

Lara Lima é fotógrafa e artista visual, investiga o uso da fotografia para criação e preservação da memória coletiva através de fotografias documentais, dos movimentos sociais da cidade e fora dela e de fotografias autorais, que exploram as relações do corpo político que habita com a sociedade. Mais sobre seu trabalho pode ser visto em www.laralima.com.br

 

NOTAS


1  https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-03/com-internet-feminismo-esta-em-alta-entre-jovens-diz-especialista

2  Pesquisa do IBGE.

3  Pesquisa realizada entre 2020 e 2021.

Ver mais em: https://www.b9.com.br/147932/57-dos-brasileiros-comecaram-a-ouvir-podcasts-durante-a-pandemia-revela-pesquisa-da-globo/

4  “Há 15 anos, dois blogueiros nerds se aventuravam no Brasil em uma formato recém-criado no mundo, que parece programa de rádio, mas pode ser escutado quando e quantas vezes a pessoa quiser: o podcast. Hoje, os episódios semanais do Nerdcast, que trata de games, cultura pop, ciência e história, são ouvidos por cerca de 1 milhão de pessoas e empregam dezenas. Em apenas uma vaquinha online, o programa arrecadou R$ 8,5 milhões. O sucesso é tanto que, em abril, a gigante do varejo Magazine Luiza comprou a plataforma multimídia Jovem Nerd, criada pela dupla em 2002. Com isso, a empresa busca criar um superapp, onde o usuário poderá fazer compras e transações financeiras e assistir e ouvir conteúdos, entre outros serviços.” Retirado de matéria da Folha:

 https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2021/08/popularidade-do-podcast-sobe-no-isolamento-social.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa