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CULTURA

Eduardo, filho de Jair, se incomoda com o Superman bissexual

da redação
Superman beija um rapaz
Reprodução

Uma imagem de quadrinhos, com o Novo Superman assumindo-se bissexual e beijando um rapaz, incomodou neste feriado o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na história em questão, que será publicada nas próximas semanas pela DC Comics na série “Superman: Son of Kal-El”, Jon Kent, filho de Clark Kent e Lois Lane – assume-se bissexual e apaixona-se por Jay Nakamura, um repórter. A história foi anunciada neste domingo, 10, pela editora. No Twitter, o filho de Jair também citou outra história, na qual o personagem Robin, parceiro de Batman, assume sua homossexualidade.

Ele protestou contra a diversidade cada vez mais presente nas histórias em quadrinhos, com personagens e protagonistas LGBTQI+. Disse que o objetivo era “destruir a masculinidade dos mais tolerantes p dominar estes cordeiros e instigar o ódio nos resistentes para poder acusá-los de homofóbicos e depois a esquerda se dizer protetora dos gays”.

Segundo a mente heteronormativa do filho do presidente, a presença de um Superman bissexual nos quadrinhos influenciaria na sexualidade de crianças e adolescentes. Eduardo também indicou que a violência homofóbica, que só cresce sob o seu governo, poderia ser motivada por estas publicações, através de “resistentes”, ou seja, homofóbicos e intolerantes, que perseguem, agridem e matam LGBTS nas ruas.

Após décadas, os quadrinhos comerciais finalmente vem refletindo a luta de LGBTQI+, de negros e negras e das mulheres, através de personagens e de narrativas que destoam do padrão: heróis brancos, negros como ajudantes ou vilões, e mulheres com corpos hipersexualizados. A intolerância diante da diversidade nos quadrinhos, como se viu no recolhimento de uma história na bienal do livro do Rio de Janeiro, em 2019, é mais um capítulo da perseguição às liberdades, que tenta impor um padrão de sexualidade e comportamento, invibilizando os corpos LGBTQIs, onde quer que apareçam.

A justificativa de influência sobre a juventude também é ridícula e é o mesmo argumento usado contra a educação sexual nas escolas, pois parte de um padrão, a ser seguido. Também remete à perseguição que os quadrinhos sofreram nos anos 1950, em uma cruzada no Congresso dos Estados Unidos, baseada na infame obra Sedução do Inocente, de Dr. Fredric Wertham, um livro dedicado a atacar editoras e autores que estariam corrompendo as crianças e que hoje soaria como uma piada, a não ser para parte dos apoiadores de Bolsonaro. No mundo do bolsonarismo, todos – personagens dos quadrinhos ou pessoas de carne e osso – deveriam simplesmente ocultar sua sexualidade e permanecer no armário.