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BRASIL

Com 310 votos, Câmara aprova convocação de Paulo Guedes para explicar empresa em paraíso fiscal

Aprovação foi feita em Plenário, com 142 votos contrários. Convocação já havia sido aprovada por duas comissões da Câmara e uma do Senado. Sessão poderá ocorrer na semana que vem, no dia 13

da redação*
Pablo Valadares/Arquivo Câmara dos Deputados

Paulo Guedes, ministro da Economia.

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, por 310 votos favoráveis e 142 contrários, requerimento de convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para prestar esclarecimentos sobre a revelação de que é sócio de uma empresa no exterior, em um paraíso fiscal, nas Ilhas Virgens Britânicas. A sessão para ouvir Guedes ainda não tem data marcada, mas poderá ser realizada na próxima semana.

Duas comissões da Câmara já haviam aprovado a convocação de Guedes e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto: a do Trabalho, Administração e Serviço Público; e a de Fiscalização Financeira e Controle. No Senado, havia sido aprovado um convite, pela Comissão de Assuntos Econômicos, e o líder do governo informou que Guedes e o presidente do Banco Central estariam presentes no dia 19 de outubro.

No Congresso, terão que explicar conflitos de interesse no caso. Segundo os documentos revelados pelo projeto Pandora Papers, os dois mantiveram empresas em paraísos fiscais ocupando cargos importantes, com acesso a informações privilegiadas e poder de decisão sobre a política econômica. O presidente do BC manteve uma empresa até o final do ano passado, enquanto a offshore de Guedes segue existindo, com US$ 9,5 milhões, ou R$ 51 milhões.

A oposição comemorou a vitória. No twitter, a líder da bancada do PSOL, Talíria Petrone, escreveu: “O ministro da Economia pode ter lucrado mais de R$ 14 milhões com a alta do dólar e a desvalorização do real durante sua desastrosa gestão no governo Bolsonaro. Ele precisa ser investigado! CPI já!”

A deputado Júlio Delgado (PSB-MG) relacionou duas ações diretas de Paulo Guedes com offshores: o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a defesa de proposta com tributação mais vantajosa na reforma do Imposto de Renda. “Ele fez o aumento do IOF como ministro da Economia, mas ele não vai pagar. E ainda não quer prestar satisfação ao Parlamento”, afirmou.

Deputados governistas não sabem como defender o ministro e o presidente Bolsonaro até o momento não se pronunciou. O líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR) disse que Paulo Guedes se dispôs a prestar esclarecimentos voluntariamente na quarta-feira (13). “Há aqui um desejo de marcar posição politicamente na sua convocação”, afirmou.

PANDORA
Os investimentos de Guedes e Campos Neto e de vários empresários em paraísos fiscais foi revelada como a revista Piauí, a Agência Pública, os sites Poder 360 e Metropoles, que participam do projeto Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, o ICIJ, que reúne cerca de 600 jornalistas por todo o mundo.

Assista à sessão ao vivo

*Com informações da Agência Câmara de Notícias e do PSOL.