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OPRESSÕES

Co-vereadora defende mulher de agressão e é chamada de ‘macaca’ e ‘suja’

Juca Guimarães, do site Alma Preta. Edição: Nadine Nascimento
Arquivo pessoal

O episódio aconteceu em uma padaria em frente à Câmara Municipal paulistana: “Falar sobre a violência racista que sofremos todos os dias é importante para sabermos que nenhuma pessoa negra está livre disso e que não nos calaremos mais”, diz co-parlamentar Paula Nunes

A co-vereadora Paula Nunes (28), do mandato coletivo Bancada Feminista (PSOL), foi vitima de injúria racial quando intercedeu em favor de uma mulher que sofria violência dentro de uma padaria, na região central de São Paulo, nesta quinta-feira (30). A co-parlamentar foi xingada de “macaca” e “suja” pelo agressor.

Paula Nunes estava na padaria Palma de Ouro, que fica em frente à Câmara dos Vereadores e é muito frequentada pelos parlamentares e seus assessores, quando notou em uma mesa próxima um homem exaltado que ofendia em um tom de voz elevado uma mulher que estava com ele e mais três crianças. Em um momento, o agressor chegou a quebrar o celular dela.

“Ele levantou e começou a quebrar o telefone dela no banco. Eu disse então que não iria permitir que ele a agredisse. Daí, ele se voltou contra mim e gritou que eu era uma ‘preta’, ‘macaca’, ‘suja’, e que ela era mulher dele e eu estava me metendo onde não devia”, lembra a co-vereadora.

A briga continuou, a moça foi até a mesa onde estava a co-vereadora e o homem foi atrás. “Ele repetiu os insultos e ficou exaltado. Então, imobilizaram ele até a chegada dos policiais militares”, conta Paula.

O caso foi registrado no 78º DP, no bairro dos Jardins. A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) foi procurada pela Alma Preta Jornalismo para comentar o caso e confirmar se o homem foi preso em flagrante por injúria racial e tentativa de agressão, porém a pasta não respondeu. O depoimento da co-vereadora feito na tarde de ontem para os delegados do 78º DP.

Pelo artigo 40 do Código Penal, o crime de injúria racial tem pena máxima prevista de três anos de prisão. A assessoria da padaria Palma de Ouro também foi procurada, mas também não respondeu. A reportagem será atualizada com os posicionamentos da Secretaria e da padaria.

“É uma situação muito constrangedora. Eu me senti como se tivesse sido atropelada por um caminhão. Falar sobre a violência racista que sofremos todos os dias é importante para sabermos que nenhuma pessoa negra está livre disso e que não nos calaremos mais”, declara a co-parlamentar.

 

Publicado originalmente no site Alma Preta.