Pular para o conteúdo
BRASIL

Inflação explode e gasolina bate R$ 7. Paulo Guedes debocha de novo

No maravilhoso mundo do ministro, tudo vai bem na vida do povo. “Qual é o problema se energia ficar um pouco mais cara?”, perguntou.

da redação
Marcos Correa / PR

A inflação é um grave problema para milhões de pessoas, especialmente a alta dos alimentos, a conta de luz e o preço da gasolina, do etanol e do gás de cozinha. A inflação é dramática para as famílias mais pobres, que já sofrem com o desemprego recorde – o maior desde 2012, com 14,8 milhões de pessoas buscando trabalho – e a queda na renda familiar. Se a carne já havia se tornado um artigo de luxo, agora a alta dos preços ameaça diretamente a sobrevivência e alimentação diária destas famílias.

Os números comprovam. O resultado do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado nesta quarta-feira, 25, alcançou 9,30% ​no acumulado de 12 meses, um novo recorde. O resultado da prévia foi puxado pela alta da energia, que subiu 5% em agosto. Os preços do gás de botijão (3,79%) e do gás encanado (0,73%) também pesaram no resultado.

O resultado deve pesar na alta da inflação no ano, que pode alcançar 8%, segundo especialistas. Na segunda-feira, 23, antes da divulgação do IPCA-15, o boletim Focus já apontava a média das previsões do mercado, com uma inflação de 7,1% em 2021. Em qualquer dos cenários, os números oficiais parecem um conto de fadas – o governo ainda trabalha com uma meta de inflação de 3,75% no ano e um limite (teto) de 5,25%.

A crise econômica é uma das principais causas do desgaste e queda na aprovação de Jair Bolsonaro. O governo sabe disso e, além de iniciativas golpistas, atua para tentar manter as aparências de que tudo vai bem. No maravilhoso mundo de Paulo Guedes, não há nada de mal em uma inflação como essa e a alta nas contas de consumo. O ministro da Economia afirmou que, com 8% de inflação, o “Brasil está no jogo”.

Em declaração no mesmo dia do IPCA-15, o ministro perguntou: “Qual é o problema se energia ficar um pouco mais cara?”, afirmando que isso é uma turbulência passageira. A frase é mais uma para a coleção do ministro que ignora o sofrimento das pessoas e revela o seu preconceito de classe, em nome do mercado. Guedes já criticou a presença de “filho de porteiro” na universidades e “domésticas viajando para a Disney”. Também disse que “pobre não poupa” e que a classe média desperdiça comida.

O ministro não está sozinho. Seu compromisso, assim como o de todo o governo, é com a elite que governa o país há 500 anos, com o andar de cima da “Faria Lima” que se indigna com suas estátuas queimadas. Para Guedes e também para o Centrão e a grande mídia, o fundamental são as contrarreformas para retirar direitos, como a reforma administrativa e a nova trabalhista, e a entrega do patrimônio público e do meio ambiente aos seus amigos do mercado. Para eles, o resto – as nossas vidas – não importa.