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BRASIL

Comandante da PM é afastado por convocar ato golpista do dia 07

da redação

O coronel Aleksander Lacerda, chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 (CPI-7), dirigia 7 batalhões da Polícia Militar paulista, com cerca de 5.000 policiais, em 78 municípios da região de Sorocaba. Há mais de 10 dias vinha, através de suas redes, convocando para os atos golpistas do dia 07 de setembro, e, sem esconder o caráter de enfrentamento, escrevia que “o caldo vai esquentar” e que “Liberdade não se ganha, se toma”.​ Também não poupou ataques à Dória, que chamou de “cepa indiana” e a “liberais de talco no bumbum” que defenderiam uma “hegemonia esquerdista”. Em críticas a adversários da própria direita, escreveu: “Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete”.

As manifestações do coronel foram divulgadas pelo jornal Estado de S. Paulo e, nesta segunda-feira, 23, Aleksander foi afastado pelo governo de São Paulo e chamado pelo comando-geral da PM para “prestar esclarecimentos”. O coronel parece ter ultrapassado uma linha de conduta, mas seu pensamento não é distinto de outros chefes da tropa e de integrantes da reserva, estes sem os limites disciplinares que seus colegas da ativa, e que também vêm convocando o dia 07 golpista.

O episódio acende o sinal vermelho sobre a presença do bolsonarismo entre os policiais militares e em todas as forças de segurança e o papel que poderiam cumprir em tentativas de golpe. Somam-se ao envolvimento de milícias em episódios como a greve dos policiais em Fortaleza ou mesmo a repressão aos atos em Recife. Bolsonaro vem cortejando as forças policiais lançando inclusive um programa de financiamento da casa própria voltado exclusivamente para eles. Aposta em uma base política fiel e armada, disposta a ir ao enfrentamento e ações nas ruas para intimidar o Congresso, a CPI e o STF e permanecer no poder, sem impeachment ou derrota eleitoral.

É um absurdo a convocação de um chefe da PM para atos de rua e incentivando o golpismo. Deve ser duramente coibida, sob pena de o país assistir ações como a tentativa de invasão no Capitólio, nos Estados Unidos, ou mesmo o golpe na Bolívia, em 2019, com forças policiais armadas desfilando nas ruas.