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MOVIMENTO

Bolsonaristas atacam jovens por panfletar em frente de escola no Dia do Estudante

Episódio ocorreu em Niterói (RJ), no dia 11. Ato de repúdio será realizado na frente do Liceu Nilo Peçanha, nesta sexta-feira, às 11h30

da redação
Reprodução / Instagram

Nesta quarta-feira, 11 de agosto, duas jovens foram para a frente do Liceu Nilo Peçanha, uma das principais e tradicionais escolas públicas de Niterói (RJ), para conversar com os estudantes, no seu dia, e divulgar a campanha da UNE e da UBES, por Vida, Pão, Vacina e Educação, que exige a vacinação em massa, auxílio emergencial até o fim da pandemia, fim dos cortes na educação e o impeachment de Bolsonaro. O que seria uma atividade corriqueira do movimento estudantil tornou-se um espetáculo de intimidação, ódio, racismo e machismo, protagonizado por fascistas.

Por volta das 08h30, pouco depois de as duas estudantes terem montado uma banquinha com panfletos e adesivos e começar a conversar com os poucos alunos que chegavam, três pessoas chegaram, dois homens e uma mulher, sem máscara, assessores de um vereador de extrema direita da cidade, já com celulares mão, filmando. A escola fica ao lado da Câmara dos Vereadores, e da janela do gabinete, outro assessor sacudia uma bandeira do Brasil.

As agressões começaram imediatamente, questionando se as jovens tinham “autorização” para permanecer ali e acusando-as de estarem “aliciando crianças”, como se fossem criminosas. Os dois homens permaneceram gravando durante todo o tempo, enquanto as jovens eram intimidadas e coagidas. Militantes da UJS (União da Juventude Socialista), as duas também começaram a filmar, e divulgaram o vídeo nas redes sociais. As cenas são revoltantes, com as duas tentando o tempo todo se defender, e argumentar, sem acreditarem nos argumentos e ataques absurdos dos fascistas.

Ataques machistas

Além dos assessores do vereador, se somaram pessoas que se apresentaram como sendo da coordenação e da direção da escola, e que passaram também a questionar as duas. Depois de 10 minutos de coação, as duas se afastaram da frente da escola, indo um pouco mais para o lado. Mas os ataques aumentaram e a assessora do vereador, depois de dizer que a vacina não funciona, chamou a estudante de “ridícula”, “covarde”, “comunista”, perguntou se “não tinha uma roupa em casa para lavar” e “quem está pagando vocês para estar aqui?”. “Nesse momento eu realmente achei que ela fosse partir para cima de mim”, diz a estudante Maria, ao Esquerda Online.

A estudante tem recebido muitas manifestações de solidariedade e de afeto e ainda está processando a violência que sofreram. “A gente está num momento tão crítico que ameaças tipo ‘comunista’, ‘vagabundo’ não me chocam tanto, mas a violência de gênero é o que mais dói. Isso partiu de uma mulher, olha que contradição… Uma mulher me coagindo a ir para a casa lavar uma roupa! Essa parte foi a que mais me chocou”, desabafa. “Pensar que se fossem homens ali, talvez não tivessem feito isso. Mas eles provavelmente passaram, indo para a Câmara, viram que eram duas meninas e resolveram fazer o que fizeram”.

As duas fizeram um boletim de ocorrência, registrando o caso, para protegerem-se diante de possíveis ataques. Um dos envolvidos no caso foi identificado como a pessoa que disparou um rojão na direção da professora Valkíria Nichteroy, hoje vereadora, pelo PCdoB.

Solidariedade e repúdio dentro e fora da escola

Diversas notas e mensagens de solidariedade foram divulgadas no mesmo dia do ataque e um ato foi marcado, na frente da escola, na sexta-feira, 13, às 11h30. “Tem sido muito importante saber que não estou só, né? Ontem ocorreu comigo e com a outra companheira, mas amanhã pode ser com qualquer um, a gente nunca sabe”.

Um manifesto foi divulgado no mesmo dia, assinado por 14 professoras e professores, apoiando a estudante e cobrando da direção uma resposta sobre o que chamaram de “conivência”, em vez de “protegê-las do abuso e da violência desses atores”. “Exigimos o esclarecimento da equipe diretiva do colégio, que não traduz a posição da comunidade escolar. Pelo contrário, o Liceu carrega na sua história e memória a resistência contra a ditadura e não deixaremos que esse episódio manche a nossa trajetória e o nosso legado de lutas, sempre ao lado da justiça e da democracia!”, afirma o texto.

O grêmio da escola, um dos mais antigos da cidade, também se pronunciou, condenando o ataque e é um dos que convocam o ato desta sexta-feira – “repudiamos completamente todo e qualquer ato contra a democracia, sobretudo esses que se configuram de forma tão agressiva, como o ocorrido em frente ao nosso Liceu”, diz o texto. A provocação foi condenada ainda por entidades, sindicatos, parlamentares, coletivos de juventude e partidos, como o setorial de Educação do PSOL Niterói.

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