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BRASIL

Tanqueciata: Campanha Fora Bolsonaro precisa aumentar a mobilização para isolar o golpismo!

Gibran Jordão*, do Rio de Janeiro, RJ, e Juliana Donato**, de São Paulo, SP.
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Comboio com veículos blindados e armamentos passa pela Esplanada dos Ministérios

Nessa terça feira, 10, tanques do exército transportados do Rio de Janeiro, através de um caríssimo plano logístico, vão desfilar pela Esplanada e se posicionar na Praça dos Três Poderes. Um fato inédito na história do país, que movimentou os bastidores da política. Trata-se de uma nítida provocação, num momento em que o presidente da República tem feito declarações golpistas em conflito permanente com o STF e TSE envolvendo o tema da urna eletrônica e as eleições do ano que vem.

A corrupção envolvendo frações militares com compras de vacinas, desemprego em massa, inflação nos alimentos e combustíveis, a fome exposta nas filas do osso, a violência contra os povos indígenas, o descaso com o meio ambiente, as declarações golpistas entre várias mazelas que estão desfigurado o país tem aumentado a insatisfação popular e deixado o governo Bolsonaro em condições difíceis para uma possível reeleição em 2022.

A resposta que o bolsonarismo tem dado diante do fracasso de um governo dirigido por generais que simpatizam com o neofascismo, é levantar bandeiras antidemocráticas, agitar o conflito com outros poderes e preparar a confusão para 2022. Embora não haja no momento correlação de forças para o sucesso desse projeto golpista, aproximações sucessivas vem sendo promovidas permanentemente.

#18A: Construir um forte dia de luta. Apostar tudo em 2022 é brincar com a sorte!

Não é possível isolar as aspirações golpistas de frações militares associadas com milícias corruptas sem uma resposta contundente da sociedade civil organizada, em especial da classe trabalhadora.

Embora desgastado, Bolsonaro não está derrotado, pode se recuperar ou encontrar forças para iniciativas violentas contra as liberdades democráticas.

Os atos convocados nos últimos meses pela Campanha Fora Bolsonaro foram determinantes para ajudar a mobilizar a indignação popular desgastando a imagem do governo. Mas ao mesmo tempo precisamos compreender que não acumulamos ainda forças suficientes para impor de maneira incontornável o processo de Impeachment.

Fortalecer e ampliar a frente única que se expressa na campanha Fora Bolsonaro tem se comprovado o único caminho possível para avançarmos no terreno da luta política contra a extrema direita. É justamente por isso que seria um erro de dimensões incalculáveis abandonarmos essa tática privilegiada para deixar que tudo se resolva nas eleições de 2022.

O calendário de lutas que envolve o dia 18/08 é uma data importante, que convoca a luta contra a PEC 32. Mas diante das movimentações do governo em conjunto com as forças armadas que ameaçam direitos democráticos é preciso aumentar o tom da mobilização. O 18A precisa ser um grande dia contra Bolsonaro, com atos de rua, paralisações, bloqueios e agitação nas ruas e redes sociais. Elevar o nível de mobilização é necessário desde já também para garantir a construção do dia 07 de setembro, o próximo grande dia de luta pelo Fora Bolsonaro após o dia 18. A Campanha Fora Bolsonaro deve também estar pronta a discutir mudanças no calendário de lutas frente aos acontecimentos da conjuntura, como fez na convocação emergencial de manifestações no dia 3 de julho, diante dos escândalos revelados pela CPI na compra de vacinas.

Lula precisa convocar e participar das mobilizações de rua!

Para avançar na pauta do impeachment, a massificação das mobilizações contra Bolsonaro é uma necessidade. A figura de Lula e o alcance e força do PT são pilares importantes para o sucesso de qualquer mobilização popular de massas no Brasil.

Não há dúvidas que nas eleições de 2022, a construção de uma frente de esquerda encabeçada por Lula, sem alianças com a burguesia, e com um programa de enfrentamento ao neofascismo seria uma tática acertadíssima e com grandes chances de sucesso.

Mas esse processo é muito mais complexo, difícil e imprevisível. Não podemos tratar os conflitos políticos causados pela ambição golpista de Bolsonaro com superficialidade e ilusões de que somente os poderes da república irão garantir com tranquilidade os calendários institucionais.

Parte das chances que tem o bolsonarismo em avançar com a sua estratégia golpista, está na dispersão e esmorecimento da campanha Fora Bolsonaro. E nesse tema, Lula e o PT tem maiores responsabilidades por serem de fato a direção majoritária do movimento de massas no país.

Pela sua força e pela sua história, Lula não pode mais ficar assistindo e torcendo pelas redes sociais. É preciso que ele convoque pra valer e participe das mobilizações de rua. É preciso elevar a temperatura da convocação, de maneira que todo mundo que não aguenta mais Bolsonaro se mova. Como também é necessário ampliar esse despertar para as lutas em milhões de pessoas que ainda não foram aos atos.

A unidade de ação com a oposição de direita é uma necessidade

O grande desgaste do governo Bolsonaro fez com que algumas frações da oposição de direita passassem a defender o seu impeachment. Sabemos que o fazem de forma oportunista. A maioria destes setores apoiou Bolsonaro em 2018 e tem acordo com seu governo em relação ao projeto neoliberal de destruição de direitos e de venda do patrimônio do nosso povo. Por isso, qualquer unidade estratégica com estes setores seria um grave erro.

Por outro lado, podem e devem ser feitas ações unitárias amplas, envolvendo inclusive setores da direita, pela derrubada do governo, como foi o superpedido de impeachment protocolado no final de junho. Não temos qualquer unidade programática com estes setores. Pelo contrário, lutamos todos os dias contra o programa que eles defendem. Mas o impeachment de Bolsonaro mostra-se cada dia mais necessário. Isso coloca como tarefa para a esquerda, que lidera hoje o processo de mobilização contra Bolsonaro, defender a sua ampliação em torno a um único objetivo comum: Impeachment já!

*Gibran Jordão é da coordenação do Coletivo Travessia.
**Juliana Donato é da Frente Povo Sem Medo.