Quando fomos às ruas antes das eleições presidenciais de 2018, gritamos em alto e bom som #EleNão. A maior manifestação feminista da História tinha um combustível muito potente, a indignação das mulheres diante de todo projeto defendido por Bolsonaro. As declarações misóginas, racistas, lgbtfóbicas, juntamente com os planos de austeridade e repulsa aos direitos democráticos, apregoadas pelo presidenciável, representavam um nítido ataque a toda classe trabalhadora, que atingiria em cheio os setores oprimidos da sociedade. As mulheres já sabiam, em 2018, que se fosse eleito, Bolsonaro aprofundaria as já tão latentes desigualdades sociais no país.
Dois anos depois, a pandemia de covid-19 veio confirmar, drasticamente, que o bolsonarismo tem o genocídio e o extermínio como projeto político. O negacionismo, a defesa da imunidade de rebanho e do tratamento precoce, bem como o ataque ao isolamento social e a negação e negociação corrupta das vacinas, evidenciadas pela CPI da pandemia no Senado, provaram que Bolsonaro é o principal responsável pelo caos social que vivemos hoje. E essa conclusão é fundamental.
Se já era necessário derrubar Bolsonaro antes mesmo da pandemia, agora fica cada vez mais evidente que não há outra saída para a manutenção da vida do povo brasileiro que não passe pelo impeachment do presidente. A queda de Bolsonaro é uma medida sanitária. E é essa compreensão que tem levado milhares de brasileiros e brasileiras às ruas pelo #ForaBolsonaro.
As manifestações do dia 29 de maio e 19 de junho foram profundamente vitoriosas. Organizadas pela unidade da esquerda , a retomada das ruas por mulheres, negros, LGBTS, organizados ou não em partidos e movimentos sociais, é peça chave na conjuntura para a virada do jogo a favor do povo. Até agora, Bolsonaro, mesmo enfraquecido, vinha mantendo uma sólida base de apoio. Mas o contra-ataque da esquerda abriu uma janela única de oportunidades para o impeachment. Bolsonaro ainda não está derrotado, é necessário intensificar a mobilização.
O 3J abrirá o Julho das Pretas com uma grande demonstração de forças dos 99%. Somos a maioria, retomamos às ruas e vamos enfrentar o Bolsonarismo até que estejamos livres de seu projeto de morte. Ao genocídio, desemprego e à fome contrapomos nossa solidariedade, construída todos os dias nos bairros, periferias e comunidades. A potência da organização do feminismo nos últimos anos pode ser vista nitidamente nas manifestações. Blocos, baterias, debates e agitações protagonizadas por mulheres são fundamentais para o crescimento e visibilidade dos atos.
Mais do que nunca é necessário seguir convocando e organizando mulheres para os atos. Todas as nossas bandeiras, toda a nossa diversidade, quem somos e amamos, se encontrarão nesse sábado para demonstrar que não temos medo, não estamos sozinhos, e que vamos vencer. Diante da chance de derrubar bolsonaro, as mulheres estarão, mais uma vez, na linha de frente dessa batalha. O feminismo é imparável, Ele NÃO!
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