Identificar os momentos de transição de situação política é uma tarefa difícil (por se tratar de perceber a mudança de sentido no movimento das contradições), mas decisiva. Pois, nas transições, estão contidas as possibilidades [qualitativas] da ação política. Quem não capta o momento de mudança na dinâmica da relação de forças, seja no sentido defensivo seja no ofensivo, tende a perder o tempo [fatal] da política.
O Brasil vive, desde 2016, uma situação reacionária (ofensiva burguesa em todos terrenos), que adquiriu um sentido contrarrevolucionário com a eleição de Bolsonaro, que colocou o perigo do golpe neofascista na agenda.
A experiência trágica das massas na pandemia abriu uma inflexão na situação reacionária, pois se formou uma maioria social anti-Bolsonaro. Agora, com o 29M e o 19J, que levaram centenas de milhares às ruas e impactaram dezenas de milhões de pessoas pelas redes sociais, a esquerda fez, depois de muito tempo, um movimento ofensivo na luta de classes. As manifestações não só foram grandes, mais importante que isso: se conectaram ao sentimento majoritário do povo. ‘Vacina no braço, comida no prato e Fora Bolsonaro’ resumem o programa da maioria. E esse programa está na mão da esquerda.
O jogo começou a virar.
Bolsonaro preserva influência de massas e ainda não está derrotado, mas está em minoria e cada vez mais isolado. Por sua vez, a direita tradicional não tem força nem nas ruas nem em termos de perspectiva eleitoral, ao menos por ora.
Esse cenário abre a possibilidade de que a esquerda assuma a ofensiva para derrotar Bolsonaro, se possível, antes das eleições de 2022. Para isso, é fundamental dar continuidade à luta de massas nas ruas, com unidade e ousadia. O jogo começou a virar. É preciso preparar a ofensiva, pois é possível vencer!
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