Após o sucesso dos protestos de 29 de maio, a campanha Fora Bolsonaro promete voltar às ruas em todo país no dia 19 de junho, sábado. O objetivo é realizar manifestações ainda maiores, demonstrando — outra vez e com mais força — a indignação da maioria do povo nas ruas. Os atos ocorrerão com todos os cuidados sanitários, sendo indicado a utilização, por todos os presentes, de máscara PFF2 (ou N95) e o uso de álcool em gel.
Nesse editorial, apresentamos três razões para que você construa o 19J na sua cidade, junto com amigos, familiares, colegas de trabalho e conhecidos.
1 – As eleições de 2022 ainda estão muito longe, não dá para esperar até lá
Com a intensificação do desgaste de Bolsonaro na população, muitas pessoas estão esperançosas de que o miliciano possa perder as eleições do próximo ano. As pesquisas eleitorais, por exemplo, estão mostrando Lula à frente de Bolsonaro. Porém, fazemos um alerta: falta ainda muito tempo para as eleições, mais de um ano. Até lá, Bolsonaro pode vir a recuperar popularidade ou avançar em medidas antidemocráticas. Ele ainda não foi derrotado, embora esteja mais enfraquecido. Nada nos assegura, portanto, que o governo de extrema direita chegará sem chances de vitória ao pleito presidencial daqui um ano. Pode ser que sim, pode ser que não. Vamos correr esse perigo?
A defesa da vida, de comida no prato, vacina no braço e emprego na carteira passa pela derrubada de Bolsonaro o quanto antes. E é apenas com a força de povo trabalhador e da juventude nas ruas que podemos alcançar esse objetivo. Pois, sem pressão popular, a CPI da Covid vai terminar sem maiores consequências para os responsáveis pelo genocídio da covid-19. Sem pressão popular, o Congresso, dominado pelo centrão, não vai tirar da gaveta o processo de impeachment. Com centenas milhares nas ruas, podemos abrir caminho para o fim de Bolsonaro. Por isso, é tão importante o ato de 19 de junho.
2 – Bolsonaro, se tiver forças, tentará dar um golpe. Não podemos arriscar
O capitão fascista nunca escondeu seu objetivo estratégico: impor uma ditadura de extrema direita no país. Hoje ele não tem forças para isso, mas se vier a ter, não hesitará em tentar. Bolsonaro, com muita antecedência, já denuncia, mentirosamente, uma suposta fraude nas eleições de 2022. Ao mesmo tempo, busca usar as Forças Armadas, como ficou evidente no caso Pazuello, e as polícias para seu projeto autoritário. Certamente, seguirá mobilizando sua base de apoiadores bolsonaristas para fins golpistas. Assim, de modo algum, podemos alimentar qualquer ilusão de que Bolsonaro vá respeitar as regras do jogo democrático.
A forma mais efetiva de derrotar qualquer possibilidade de golpe — como toda a história da luta de classes demonstra — é mobilizar e organizar as massas do povo trabalhador e da juventude. Ampliamos, dessa maneira, o desgaste e o isolamento social do governo na sociedade. Alterando de modo significativo a relação de forças nas ruas, a chance de sucesso de qualquer aventura golpista por parte de Bolsonaro, agora ou no período eleitoral, se tornará remota, quase impossível. Construir um potente 19 de Junho é, por consequência, parte fundamental da luta para desarmar qualquer perigo golpista.
3 – A história ensina: o fascismo se derrota nas ruas
Consideramos de grande importância a construção de uma alternativa eleitoral unificada da esquerda nas eleições, unindo todos os partidos (PSOL, PT, PCdoB, PCB, UP e PSTU) e movimentos da classe trabalhadora e oprimida. Vencer a extrema direita e a direita nas urnas, em 2022, é uma tarefa de enorme relevância. Porém, alertamos que o neofascismo só se derrota, pra valer, nas ruas. Bolsonaro pode perder as próximas eleições e seguir mantendo destacada influência política e capacidade de mobilização nas ruas. Seguramente, se tiver forças para isso, tentará contestar uma eventual derrota eleitoral com mobilização golpista de extrema direita.
Por isso, é fundamental esmagar o fascismo com a força da mobilização de massas. As vitórias mais duradouras e profundas contra a extrema direita e a classe dominante sempre foram fruto da luta direta de milhões nas ruas. Décadas atrás, as ditaduras na América Latina caíram por meio da força da mobilização de massas. Mais recentemente, a derrota de Trump nas eleições, o enterro da Constituição de Pinochet no Chile e a derrota do golpe na Bolívia só foram possíveis pois houve luta de massas nesses países.
Até para derrotar Bolsonaro nas urnas, ano que vem, com mais vantagem e segurança, é preciso realizar grandes manifestações agora, demonstrando que o bolsonarismo é uma minoria também nas ruas. E, para ter êxito nessa meta, é essencial manter e desenvolver a unidade ampla da esquerda, movimentos sociais e sindicatos.
Com uma potente Frente de Esquerda nas ruas e nas eleições, é possível derrubar Bolsonaro e abrir caminho para um governo do povo trabalhador e oprimido, que faça as mudanças estruturais que o país precisa, começando pela reversão do legado do golpe de 2016.
?️PODCAST | Três motivos para construir a manifestação de 19 de junho
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