“Delírio comunista”: a expressão do anticomunismo

A esquerda revolucionária não pode ter medo de dizer seu nome

Keven Lima*, de Belém, PA
Reprodução

Quadro de “O Grito do Povo”, de Jean Tardi

A famosa e velha “ameaça comunista” volta à tona. Em um vídeo, recém viralizado nas redes sociais, a atriz Juliana Paes discorre sobre a sua posição de não se posicionar acerca do genocídio em curso no país. “Não apoio os ideais arrogantes da extrema direita, eu não apoio delírios comunistas da extrema esquerda”, afirmou. Sabemos que a palavra “comunismo” utilizada pela atriz de nada tem a ver com a teoria marxista, já que ela se refere a um partido que não têm a revolução socialista como horizonte estratégico (o PT), porém sua fala reflete o medo das classes dominantes e daqueles que compactuam com suas ideologias a uma tomada do poder pelos trabalhadores.

Quem tem medo do comunismo?

O comunism, nada mais é do que a luta revolucionária contra a burguesia, amparada na teoria marxista rumo a uma sociedade sem classes sociais. Mas então, qual o motivo para essa sociedade assustar tanto? 

Desde O Manifesto Comunista, Marx e Engels já relatam o medo do comunismo, não é por acaso que ele começa com a conhecida frase “um espectro ronda a Europa: o fantasma do comunismo”. 

Não é de se surpreender que em meio a uma crise sanitária, que é aprofundada pelo capitalismo neoliberal e um governo genocida, o medo da luta marxista revolucionária ecoe. A luta de classes é constante, ora mais avançada, ora mais recuada, e são justamente as forças da esquerda-radical que capitalizam as lutas dos trabalhadores no caminho da libertação, e esse é o medo dos anticomunistas.

A esquerda revolucionária não pode ter medo de dizer seu nome!

Parte da esquerda-radical possui receio de se ligar à luta revolucionária, abertamente, mesmo que ela defenda tanto a estratégia de construção de uma sociedade socialista. Esse sentimento está categoricamente ligado a aceitação da luta socialista pelas massas, que muitas vezes é vista pela lente ideológica da classe dominante. Os revolucionários não podem ter medo de dizer pelo que lutam, se queremos avançar para a construção de um mundo novo, não esconder o que queremos construir.

Se acreditamos que somos munidos pela mais avançada teoria, não podemos deixar de olhar para o nosso horizonte, devemos dizer com todas as palavras: somos marxistas, lutamos pelo socialismo, e temos orgulho disso!

Pois, como diz Angela Davis: “Sim, eu sou comunista e considero isso uma das maiores honras, pois estamos lutando pela total libertação da raça humana.”

 

* Militante da Resistência/PSOL e do Afronte!