Neste 13 de maio, o movimento negro ocupou as ruas de dezenas de cidades, em atos contra o genocídio negro, sob o lema “nem bala, nem fome, nem covid”. Ocorreram atos em cerca de 40 cidades em todo o país, incluindo quase todas as capitais, com grande repercussão nas redes sociais e na imprensa. Na maioria dos locais, os atos foram simbólicos, reunindo algumas centenas de pessoas. Os maiores protestos ocorreram em São Paulo, na Avenida Paulista, e no Rio de Janeiro, na Cinelândia, com algumas milhares de pessoas. Em Recife, o ato precisou ser suspenso, devido a forte chuva que derrubou casas e deixou desabrigados. Também ocorreram protestos durante a visita de Bolsonaro em Maceió, lembrando que o estado de Zumbi não aceita genocida, e no exterior, em cidades como Londres e Nova York.
Os atos expressaram nacionalmente o repúdio diante da chacina do Jacarezinho, que ocorreu há uma semana, no dia 06 de maio, pela Polícia Civil do governador Cláudio Castro. Em Belo Horizonte (MG), ao final do protesto, uma intervenção artística lembrou a chacina, exibindo uma cadeira de plástico, de bar, manchada de tinta vermelha, em referência a cadeira no Jacarezinho onde policiais colocaram um corpo sentado. A intervenção “Nas veias das pessoas corre o mesmo sangue, mas só o sangue negro escorre pelas calçadas”, foi feita por Pablo Henrique, que teve a ideia da performance após receber a foto em seu celular.
Em Brasília, o ato foi em frente ao Supremo Tribunal Federal, cobrando justiça pelas vítimas na chacina no Jacarezinho. O STF ainda não se pronunciou sobre a operação policial, que ignorou sua decisão proibindo operações em favelas durante a pandemia.
A maioria dos protestos foi convocada diretamente pela Coalizão Negra por Direitos, amplo movimento, que tem conseguido unificar a luta contra o racismo no país. O sucesso dos atos mostrou o potencial da Coalizão, que, na semana anterior, promoveu uma reunião de organização com mais de 350 pessoas de todo o país, representando mais de uma centena de movimentos e coletivos negros. Nos dias que antecederam os atos, esse potencial esteve refletido em dezenas de cards dos atos com um só modelo, no manifesto e no panfleto e em um vídeo de convocação, com, entre outros, o cantor Emicida, que esteve presente no ato de São Paulo.
Emicida no ato em São Paulo. Foto: Mídia Ninja.
Ato deixa o MASP. Foto Thiago Mahrenholz | EOL
“Nem bala, nem fome, nem covid” é uma palavra de ordem que sintetiza um projeto político para o país para derrubar o governo Bolsonaro.
A escolha acertada dos eixos do ato também é uma das explicações para a jornada do 13 de maio. “Nem bala, nem fome, nem covid” é uma palavra de ordem que sintetiza um projeto político para o país para derrubar o governo Bolsonaro. Tamo junto. Viva a coalizão negra por direitos”, afirma Matheus Gomes, vereador do PSOL em Porto Alegre, e dos coletivos Afronte! e Nós por Nós. Em Porto Alegre, o ato percorreu as principais avenidas e lembrou ainda o assassinato de João Alberto, homem negro assassinado por seguranças do Carrefour, na véspera do 20 de novembro passado.
Em Salvador, um protesto na tarde do dia 13 denunciou um caso semelhante, o da execução de dois homens negros – Yan e Bruno – entregues para traficantes a mando de seguranças do supermercado Atakarejo. Os dois foram executados, acusados de roubar quatro pedaços de carne, que custariam R$ 700 reais. O protesto ocorreu no mercado em Pernambués, por volta das 15h. Os manifestantes, incluindo familiares, chegaram a entrar no mercado e em seguida fecharam a avenida principal. Outro protesto ocorreu na parte da manhã, na Praça da Piedade, palco histórico da luta do povo negro baiano.
O movimento negro deu uma grande resposta neste 13 de maio. No dia 18, serão realizados atos em memória e por justiça ao jovem João Pedro, assassinado por policiais há um ano, em sua casa, em São Gonçalo. O Amanhecer por João Pedro será formado por atos simbólicos e conta com um manifesto nas redes, aberto a assinaturas. O movimento negro continuará nas ruas, contra o racismo e o genocídio e pelo Fora Bolsonaro. Como afirmou a vereadora Iza Lourença (PSOL), no ato de Belo Horizonte (MG): “Quando a gente diz que não aguenta mais ver o povo morrer, não é porque a gente vai desistir não. O nosso povo nunca desistiu de lutar. Muitos lutaram para abrir esses caminhos para nós. E nós continuamos abrindo caminho para quem vem depois de nós.”
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