Metroviários da CBTU e da Trensurb aprovaram um dia nacional de luto, em homenagem aos colegas mortos e às quase 400.000 vidas que o Brasil perdeu pela Covid-19, grande parte em função da negligência e do projeto de necropolítica dos governantes. Eles exigem a vacinação prioritária, em função dos riscos a que estão submetidos, como linha de frente e setor essencial.
Neste dia, a categoria usará roupas pretas nas estações, repetindo uma forma de luta usada em outras ocasiões e também pelos metroviários e ferroviários de São Paulo, que conseguiram ser incluídos entre os grupos prioritários.
A situação dos trabalhadores do transporte é ainda mais alarmante que a média nacional. Se somamos CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) e Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre), de um total de 9.200 funcionários nas capitais Recife, Belo Horizonte, João Pessoa, Maceió, Natal e Porto Alegre, temos um quadro que já acumula 1.210 contaminações e um total de 50 óbitos. Confira a tabela abaixo, com dados dos sindicatos:
As empresas vinham aplicando testes mensais no conjunto dos trabalhadores. Todavia, justamente no auge da pandemia, quando se atingiu marcas de 3.000 a 4.000 mortes diárias, suspenderam os testes. O motivo, contraditoriamente, teria sido os número alarmantes de casos já confirmados.
A média de contaminação na categoria (13,04%) já é quase o dobro da medida na população em geral (6.87%), que conta com 12,5 milhões de pessoas que confirmaram o contágio pela covid-19.
Em João Pessoa, por exemplo, alarmantes 50% dos 200 trabalhadores foram contaminados, três perderam a vida. Porto Alegre e Maceió atingiram 25% de contaminação. Caso os índices continuem subindo desenfreadamente, podem faltar funcionários para garantir a operação regular das linhas. Por isso é urgente um plano de imunização que proteja esses trabalhadores, e, consequentemente, os usuários de transporte coletivo.
Categoria é essencial
Em São Paulo, a luta da categoria obteve a importante vitória da garantia da vacinação prioritária aos metroviários e ferroviários. Em Brasília, Metroviários entraram em greve após várias tentativas de negociação. Ainda neste semana, Rodoviários de Recife realizaram protesto pela vacinação imediata.
Os trabalhadores do transporte coletivo de passageiros, desde o início da pandemia da Covid-19, vêm colocando em risco sua saúde e de seus respectivos familiares, diariamente. Como se sabe, o transporte coletivo urbano é um poderoso vetor de contaminação pelo coronavírus. Estes trabalhadores muitas vezes pagam com a própria vida, ao garantirem sem interrupção o exercício dessa atividade que proporciona a continuidade da prestação dos demais serviços essenciais. Todos os serviços essenciais, para garantir seu funcionamento pleno, dependem do transporte coletivo, uma vez que funcionários dos demais serviços essenciais precisam se locomover aos seus postos de trabalho.
Todos os trabalhadores, efetivos ou terceirizados, relacionados ao transporte coletivo de passageiros, precisam ser incluídos no calendário prioritário e terem uma data específica para receberem a imunização contra a Covid-19, o mais breve e urgente possível. Mesmo sabendo que a situação de tais trabalhadores é de alto risco, o governo de maneira irresponsável não incluiu este grupo no calendário de prioridade para vacinação, como foi feito com outros setores.
Se isto não ocorrer, não restará outra alternativa que não seja uma greve sanitária nacional, mesmo por tempo determinado como aviso, para não perdermos mais vidas no setor.
Live unificada discute greve nacional
Em unidade inédita, os sindicatos de trabalhadores do metrô e trem Sinmetro-PE, Sintefe-RN, Sindimetro-MG, Sintefep-PB, Sindfer-NE, Sindimetrô-RS, Sinfeal-AL Fenametro, FIFT organizarão um debate em conjunto, neste dia 29/04, às 20h. Compartilhe e fortaleça a luta dos trabalhadores do transporte!:
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