Ignorando mortos de janeiro, deputados aprovam título de cidadão amazonense para Bolsonaro
Iniciativa gera críticas e protestos nas redes e um ato público. Pessoas que receberam a mesma homenagem devolvem os títulos na Assembleia Legislativa.
Publicado em: 22 de abril de 2021
Nesta sexta-feira, 23/04, às 10h30, o presidente Jair Bolsonaro estará em Manaus, inaugurando o Pavilhão de Feiras e Exposições do Centro de Convenções do Amazonas. Aproveitando a visita, o deputado estadual e delegado de polícia Péricles do Nascimento (PSL), apresentou um Projeto de Lei para entregar ao presidente o título de cidadão amazonense. A proposta foi aprovada nesta terça, 20, em sessão virtual, e a homenagem será feita na solenidade de inauguração.
O único voto contrário veio de um deputado do PSB, Serafim Correa, que responsabilizou o presidente e o ministro Paulo Guedes pelo desmonte da Zona Franca de Manaus e também criticou a falta de compra de vacinas e o papel do governo na pandemia, durante a crise da falta de oxigênio. Outros quatro parlamentares não votaram ou estão de licença. Entre os parlamentares que aprovaram a homenagem, destaca-se a deputada Nejmi Aziz (PSD), esposa do presidente da CPI da Pandemia no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), que nesta quarta anunciou que a CPI não será para condenar o presidente.
Imediatamente após a aprovação, as redes sociais foram tomadas por protestos e críticas, especialmente pelo papel cumprido pelo governo Bolsonaro durante a crise de falta de oxigênio, em janeiro deste ano, quando moradores de Manaus e de outras cidades faziam fila na porta de empresas de oxigênio, com cilindros vazios, para tentar abastecer e amenizar o sofrimento de seus parentes. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro não visitou o estado e chegou a dizer que não era obrigação do ministro da Saúde garantir oxigênio. Segundo a Agência Pública, o então ministro Pazuello sabia há 10 dias da iminência de desabastecimento de oxigênio no estado.
“A nossa Casa, a casa do povo, exige respeito. Não vamos aceitar o título de cidadão amazonense ao maior genocida da história desse país”, conclamou Eglê Wanzeler, professora universitária, em um dos muitos vídeos que circulam nas redes, com a hashtag #BOLSONAROamazonenseNÃO. Uma nota de repúdio foi construída pelos movimentos sociais do estado, reunindo quase uma centena de entidades. A nota diz que “causa estranheza a assembleia aprovar a proposta depois de “todo o Brasil ter acompanhado a tragédia vivenciada pelos amazonenses, sem oxigênio, sem UTI, vindo a óbito em casa por falta de leitos, sendo tratados com remédios sem eficácia científica”. A nota ainda afirma que “conceder o título é desconsiderar o sofrimento de mais de doze mil famílias do Amazonas e de 372 mil famílias no Brasil todo.”
Os movimentos sociais estão convocando um ato público nesta sexta-feira, às 09h, para protestar contra a visita e entrega do título. A concentração está marcada em frente ao prédio da Assembleia Legislativa.
Nesta quinta-feira, 22,, às 09h, ex-homenageados foram até a Assembleia, para devolver os títulos recebidos, que será compartilhado com Jair Bolsonaro. Segundo o site Amazonas Atual, um dos que vão devolver a homenagem à Assembleia é o professor aposentado do curso de Medicina da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) Menabarreto Segadilha França. Ele recebeu, em 2006, a Medalha do Mérito Legislativo do Estado do Amazonas.
A professora Gleice Oliveira, homenageada em 2016, também anunciou a devolução de seu título, por mérito e pela sua contribuição à educação. Cerca de 10 pessoas devolveram homenagens na manhã desta quinta-feira. O grupo realizou um ato público no hall de entrada da Assembleia Legislativa, com músicas e palavras de ordem, com ampla cobertura da imprensa.
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