O governo do Estado de São Paulo retomou as aulas presenciais em toda a rede nesta quarta-feira, 14 de abril, em meio ao pior momento da pandemia no país e com mais de mil mortes em um único dia no estado. A decisão foi anunciada através de um decreto, em 27 de março, que classificou a educação como essencial e autorizou a retomada das aulas presenciais nas redes pública e particular. Desde dezembro de 2020, o governo Doria tenta retomar as aulas presenciais, nas fases laranja e amarela da pandemia, e chegou a retomar aulas neste formato durante o mês de fevereiro.
A decisão não encontrou apoio das famílias e alunos – o primeiro dia registrou baixíssima presença – e conta com a oposição e resistência dos profissionais da educação, que lutam pelo direito de só retomar as aulas com ampla vacinação. Eles alertam para os casos de mortes e contágio entre professores que participaram de aulas e atividades presenciais – no estado de São Paulo, segundo a Apeoesp, 2.360 profissionais da educação já se contaminaram, com 69 óbitos confirmados.
Na capital, no dia 12, levantamento do Simpeem mostrava que 757 profissionais haviam se contaminado nas escolas e creches do município, entre professores (502) e profissionais de apoio (255). Até o início da semana, 13 educadores(as) da rede municipal haviam perdido a vida para a covid-19. A retomada das aulas no estado acontece dois dias após a reabertura das 4 mil escolas municipais. De acordo com a Secretaria Municipal da Educação, todas as 4 mil escolas municipais foram abertas nesta segunda-feira, 12, para receber os alunos. A decisão foi marcada por protestos e faixas contra o prefeito Bruno Covas, chamado de genocida.
Faixa em frente a sede da Prefeitura de SP e no Viaduto do Chá, no dia 24. Divulgação: Sindsep
Bancada Feminista promove live ‘Educação pela vida”
Nesta quinta-feira, 15/04, às 19h, a Bancada Feminista do PSOL, mandata coletiva na Câmara Municipal de São Paulo, promove uma live com a comunidade escolar sobre a volta às aulas. A atividade, que será retransmitida pelo Esquerda Online, pretende denunciar e discutir os riscos para a vida de educadores(as), alunos(as) e suas famílias. Além disso, também debaterá o PL 5595, que está tramitando em urgência no Congresso Nacional e que pretende estabelecer toda a educação como atividade essencial, para obrigar o retorno das aulas presenciais.
A live de hoje terá as seguintes participações: Silvia Ferraro (Covereadora da Bancada Feminista do PSOL); Daniel Cara (Professor da Fac. de Educação da USP); Dra. Patricia Canto (Médica pneumologista ENSP/FIOCRUZ, coordenadora da Comissão de doenças respiratórias ambientais e ocupacionais da SOPTERJ e da SBPT); Richard Araújo (professor nas redes estadual e municipal, diretor da APEOESP pela Travessia Coletivo Sindical e Popular); Ciça Teixeira (Movimento Famílias pela Vida), Lídia Rodrigues (Movimento 100% ATEs- Por um Quadro de Apoio Mais Forte. Mãe de aluno e trabalhadora do Quadro de Apoio), Ana Paula Carvalho (EMEF Cacilda Becker e Movimento Convoca Já!), João Gabriel Guimarães Buonavita (Bibliotecário e Vice-Presidente do Sindsep); Sandro Rocha (EMEF Des. Amorim Lima); Claudete Alves (presidenta do Sedin); Carlos Eduardo Fernandes Junior (Coordenador Pedagógico EMEF Espaço de Bitita/ Infante Dom Henrique) e Tatiana Vaz (Mãe de aluno da EE MMDC).
A Bancada Feminista tem feito uma campanha contra a retomada das aulas presenciais e pela vacinação, através de um abaixo-assinado entregue ao secretário municipal de Educação e outras iniciativas, como um mapa colaborativo, que registrava até o momento 157 unidades escolares com casos registrados de Covid-19.
VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS AUMENTA RISCO
Nesta quinta-feira, 15, estudo feito por pesquisadores e professores mostra o risco da volta às aulas presenciais. Analisando dados de 299 unidades escolares entre 7 de fevereiro e 6 de março de 2021, quando as escolas retomaram as aulas presenciais, eles concluíram que a incidência de novos casos de Covid-19 entre professores de 25 a 59 anos cresceu 138%, enquanto o aumento entre outras pessoas na mesma faixa etária em São Paulo foi de 81%.
A análise foi feita por pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP) e desmonta o estudo apresentado pela Secretaria Estadual de Educação, a partir de dados de março, que apresentaram uma incidência da covid-19 na comunidade escolar menor do que a média geral e que foi usado como justificativa da retomada das aulas.
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