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RJ: “superferiadão” não resolve a vida da população

Lockdown sem auxílio emergencial não preserva a vida dos debaixo

Marco Dantas*, do Rio de Janeiro, RJ
Governador na tribuna da Alerj. Abaixo, parlamentares e seguranças
Philippe Lima/Divulgação/Governo do Estado RJ

Governador em exercício, Cláudio Castro, na Alerj, na abertura do ano legislativo, em 2 de fevereiro

Nesta semana, em reunião emergencial, o governador em exercício do RJ, Cláudio Castro (PSC), os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), e o de Niterói, Axel Grael (PDT), além de representantes da Firjan, da Fecomercio, e de sindicatos de bares e hoteis, discutiram o plano de combate ao coronavírus no âmbito estadual. Decidiu-se por um feriado de dez dias – 26 de março à 04 de abril – com medidas que visam diminuir a circulação de pessoas e consequentemente travar a propagação do vírus. Vale lembrar que embora tenha sido definido “Medidas de proteção à vida”, a reunião terminou sem acordo. Porém, as restrições foram aprovadas pelas duas prefeituras e já passam a valer.

O Rio, assim como diversas outras cidades, vive uma situação dramática em relação aos infectados pela COVID-19. Segundo a Associação de Hospitais do Rio de Janeiro (Aherj), a taxa de ocupação de leitos de UTI nos hospitais privados da cidad, chegou a 80%. Na rede pública a situação é desesperadora, com 95% dos leitos ocupados. Em Niterói, a taxa de ocupação na rede privada atingiu 90%.

Na esteira da crise, o país segue sem ministro da Saúde empossado, sem vacina suficiente para um plano nacional de imunização e com quase 300 mil mortes no país.

Indicado por Bolsonaro, Marcelo Queiroga não tomou posse devido ao cargo de sócio-administrador na empresa Cardiocenter – Centro de Diagnóstico e Tratamento das Doenças Cardíacas, em João Pessoa (PB).

Diante deste cenário de terra arrasada, governadores e prefeitos seguem com políticas e planos regionais pra tentar encontrar saídas para diminuir o contágio da população, já que o governo federal continua inerte sobre a maior crise sanitária mundial, em que o Brasil figura como grande propulsor global na 2° onda da doença.

Sem o auxílio emergencial para os debaixo,  lockdown não será eficaz

Nenhum “superferiadão” ou semana de lockdown funcionará desassistido do pagamento do auxílio emergencial para os trabalhadores que precisam. É necessário um pagamento de, no mínimo R$ 600, como vinha sendo pago, diferente do valor irrisório (R$ 250) aprovado na PEC 186 – após chantagem explícita do ministro da Economia, Paulo Guedes, que condicionou o pagamento do auxílio ao congelamento de salários dos servidores públicos.

Governadores e prefeitos tentam conter a pandemia e ao mesmo tempo acalmar os empresários. No entanto, se calam sobre o pagamento do auxílio e não cobram Bolsonaro sobre a questão, ou seja, através da quarentena, obrigam os debaixo a cumprir o lockdown, sem dar uma ajuda financeira para tal. Por isso urge a necessidade da campanha “Vacina para todos, já” e da volta do Auxílio Emergencial” em âmbito federal, estadual e municipal.

A crise é tão grande e afeta a economia de forma tão avassaladora, que o desemprego no 1° trimestre pode chegar a 14%. Tanto é assim, que os banqueiros soltaram uma carta aberta com críticas ao governo federal. Diferentemente de Bolsonaro, os ricos donos de banco querem vacina para continuarem gerando seus lucros, mas assim como Bolsonaro, não querem o auxílio emergencial.

Por que será?

*Marco Dantas é colaborador do EOL e produtor do canal Conjuntura LIVE.