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OPRESSÕES

A resistência das mulheres e a urgência de um programa de medidas sociais em Sergipe

Resistência/PSOL Sergipe

O tradicional ato do 8 de março e o 14 de março, datas do dia internacional de luta das mulheres e de justiça para Marielle e Anderson, esse ano foram um pouco diferentes, pois nos encontramos nos piores dias da pandemia no Brasil, principalmente por culpa do governo genocida de Bolsonaro. Mesmo assim, com todos os cuidados, as mulheres foram às ruas denunciar a violência doméstica, o feminicídio e lutar pela vacinação em massa e o Fora Bolsonaro.

Em Aracaju, por meio da articulação do Fórum de Mulheres, diversas atividades foram realizadas. Lives de formação nas redes sociais, entrega de kits com álcool gel e máscara para as mulheres do bairro Santa Maria e panfletagem com as trabalhadoras da Alma Viva. Por iniciativa das vereadoras Linda Brasil e professora Ângela foi realizada audiência pública no dia 08 de março. As mulheres do PSOL também participaram de iniciativas com a juventude do Afronte na 1ª Semana Marielle Franco da UFS e entrega de alimentos na Ocupação Centro Administrativo. Na noite do 14 de março as companheiras organizaram uma linda homenagem a Marielle com a projeção de vídeo em um prédio da capital. Mais uma vez as mulheres demonstraram que são linha de frente na resistência ao governo Bolsonaro.

Caos em Sergipe: saúde em colapso e ausência de medidas sociais

Como esperado, a rede estadual de saúde entrou em colapso. As taxas de ocupação acima de 100% em diversos hospitais particulares e públicos e as denúncias dos sindicatos da saúde e da imprensa atestam a difícil situação. O sindicato dos médicos divulgou denúncia de que devido a superlotação nas unidades municipais de Aracaju, pacientes com “cateter de oxigênio estavam sendo atendidos dentro e fora dos containers no hospital regional Fernando Franco”. Um verdadeiro caos.

O governo Belivaldo apesar de assumir um discurso diferente de Bolsonaro, se mostrando preocupado com a pandemia, manteve escolas abertas, comércio e os transportes continuam superlotados. É um discurso de fechamento que não se sustenta na prática. O endurecimento para o toque de recolher foi somente após apelo de todo o setor de saúde e pressão dos ministérios públicos (federal, estadual e do trabalho). O governador esperou o colapso para tomar uma medida mais restritiva e mesmo assim bastante limitada. Sabemos que muitas pessoas criticam as medidas restritivas por conta da dificuldade de conseguir uma renda para sua família como trabalhadores autônomos e informais. Para essas pessoas o governo deveria “chegar junto”, por isso reivindicamos um programa de medidas sociais, como isenção de água e luz, cadastro de distribuição de cestas básicas e ampliação da renda emergencial para citar alguns exemplos.

Na contramão de auxiliar as famílias sergipanas em situação de vulnerabilidade social, o governo Belivaldo cortou a renda emergencial no valor de R$ 100,00 de 18 mil sergipanos no início do ano. No caso dos municípios é impressionante a omissão dos prefeitos. Temos cidades no Brasil que chegam a rendas municipais de R$450,00 como é o caso de Belém, enquanto em Aracaju essa renda nunca existiu. Ou seja, o problema não é defender uma maior restrição de circulação de pessoas, pois isso é fundamental na luta contra o coronavírus. Deveríamos, inclusive, estar discutindo como fazer um “lockdown”, desde que garantida medidas sociais por parte do governo. Não é possível que o governo se limite a usar a polícia e colocar a culpa na população.

Comemorar os direitos políticos de Lula, seguir a luta contra o governo Bolsonaro e avançar na solidariedade de classe

A situação é delicadíssima. Com a pandemia somos impedidos de nos mobilizar com força nas ruas. Por isso também causou forte impacto a notícia da retomada dos direitos políticos do ex-presidente Lula. Comemoramos muito essa decisão que fortalece as liberdades democráticas. Também achamos legítima a discussão em torno das eleições de 2022. É importante aprofundar o tema a partir da construção de um programa alternativo para o Brasil. Mas essa discussão não pode desviar o foco da luta prioritária por vacina, renda básica e o impeachment de Bolsonaro. Não podemos ignorar que segue em curso o projeto de morte e retirada de direitos, como na absurda votação do congresso que congelou por 15 anos o salário dos servidores públicos em plena pandemia.

Por isso, toda forma de diálogo com a população é válida e no dia 20 de março Aracaju teve mais uma carreata em defesa da vida e no dia 24 de março reivindicaremos da prefeitura uma ampliação da frota do transporte coletivo. De forma paralela a essa cobrança dos governos, devemos intensificar as ações de solidariedade, fortalecendo iniciativas como a campanha “Sergipe sem fome” que tem arrecadado alimentos e kits de higiene pessoal para diversas comunidades desde o início da pandemia. Também de forma solidária, apoiamos as lutas de resistência como a importante greve dos trabalhadores da Alma Viva.