O 8 de março de 2021 será diferente. Um março marcado pelo agravamento da pandemia, recordes de óbitos por dia e diante da luta dramática em defesa do lockdown para salvar vidas contra um governo que atuou para promover desinformação e morte. A ameaça do desemprego, a inflação e a volta da fome, que atinge famílias no país inteiro, tornam essa uma luta decisiva.
Durante todo esse período da crise sanitária vimos as mulheres na linha de frente no mundo todo erguendo resistências ao oportunismo de governos de extrema direita que tentaram aprofundar seus projetos conservadores, promovendo ataques aos direitos reprodutivos, imigrantes, povos indígenas, negros e latinos. O ano de 2020 foi palco da luta das mulheres mesmo em meio a pandemia: a legalização do aborto na Argentina, o Vidas Negras Importam nos Estados Unidos em resposta ao assassinato de George Floyd, a derrubada de estátuas racistas no Reino Unido, os atos no México contra a violência de gênero, o protagonismo na luta contra o golpe na Bolívia, as mobilizações na Índia contra os estupros, a greve de mulheres na Varsóvia, os atos no Brasil por justiça para Mari Ferrer e em defesa da menina do Espirito Santo.
Desde a explosão da sua primavera o feminismo tem sido a reserva de esperança para lutadores do mundo todo. Nos momentos mais sombrios, o protagonismo da luta das mulheres foi capaz de reacender a confiança e a coragem de centenas de milhares de pessoas que, de mãos dadas, inundaram as ruas em defesa de uma nova sociedade, mais justa e igualitária.
O impacto de cinco anos de greves feministas globais deu um novo frescor aos movimentos sociais no mundo todo. Os questionamentos levantados pelas greves internacionais e pelas lutas no Chile, Argentina, Espanha, México e Estados Unidos sobre a importância do trabalho que as mulheres desempenham dentro e fora do lar permitiram uma maior nitidez sobre o papel das mulheres e do movimento feminista durante o alastramento da COVID-19. Os ataques enfrentados pelas mulheres são similares em todo o mundo, daí a necessidade de uma resposta global unificada a exemplo do “Manifesto para a greve do 8M 2021” publicado pelas feministas transfronteirizas nesse março e a articulação que está sendo preparada para o 8M, que você poderá acompanhar aqui.
No Brasil, o “novo normal” se traduziu para as mulheres em sobrecarga física e mental, além da explosão de múltiplas violências. Diante desse cenário nem mesmo metade dos parcos recursos destinados para políticas públicas foram utilizadas pelo Ministério de Damares Alves, que concentra seus esforços em destruir as conquistas do movimento feminista no país e perseguir ativistas.
Diante da política de morte orquestrada por Bolsonaro e sua equipe, é essencial organizar as mulheres em defesa da vida, da vacina e do auxílio emergencial. Neste 8M, mais uma vez, foi essencial a existência da frente única feminista. Mais de 80 organizações assinaram o manifesto nacional, expressando uma ampla unidade em torno a exigência do Fora Bolsonaro e todo seu governo, a vacinação imediata, pelo SUS, para toda a população, e o pagamento do auxílio emergencial para garantir as medidas de isolamento social tão necessárias nesse momento de colapso do sistema de saúde.
Para preservar vidas o movimento feminista diversificou suas ações e as expandiu para além dos tradicionais atos. Vamos realizar uma forte campanha online, com lives e tuitaços que iniciam neste domingo, junto às ações organizadas desde as plenárias locais que irão promover carreatas, instalações pelas cidades, intervenções descentralizadas nos territórios e articular ao longo deste mês, redes de apoio e campanhas de solidariedade.
Diante da barbárie promovida por Bolsonaro, novamente as mulheres e o feminismo se colocam na linha de frente para defender vidas.
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