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MUNDO

Estado Espanhol: crescem as manifestações pela liberdade de Pablo Hasél

Protestos da juventude se espalham e desafiam regime monárquico e o governo Psoe-Podemos

André Freire, direto de Lisboa

O Rapper Catalão Pablo Hasél foi preso na última terça-feira (16). A acusação é simplesmente absurda: as letras de suas músicas ofendem a Monarquia espanhola. Esta acusação e a existência de um processo judicial já representam um grave ataque ao direito de liberdade de expressão. Sua prisão já é diretamente inaceitável.

Hasél foi preso quando estava dentro de uma Universidade, na cidade de Lleida (Lérida, em espanhol), na região da Catalunha. Uma manifestação de estudantes se encontrava no local com o objetivo de evitar sua prisão. A polícia invadiu a Universidade e, usando a força da repressão, conseguiu deter o rapper.

Esta ação antidemocrática acendeu um rastilho de pólvora. Desde então, já assistimos três dias seguidos de protestos, com a juventude encabeçando as manifestações que exigem a libertação imediata de Hasél e denunciam as arbitrariedade do regime político monárquico, corrupto e antidemocrático, e do governo estatal, por mais este ataque às mínimas liberdades democráticas.

As manifestações, começaram por Barcelona e outras cidades da Catalunha, mas já chegaram em Madrid e agora começam a se espalhar por outras regiões. Portanto, a questão a muito já deixou de ser uma crise circunscrita apenas a região da Catalunha, com uma repercussão negativa ao nível internacional.

Inclusive, a defesa de Hasél já prepara um recurso a Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH), afinal se esgotaram qualquer possibilidade de um julgamento justo para o rapper na justiça espanhola.

Os confrontos vem se ampliando e radicalizando a cada dia, especialmente como uma reação de revolta não só a prisão de Hasél mas também contra a ação violenta de repressão da polícia. Por exemplo, uma delegacia num bairro de Barcelona foi totalmente destruída pelos manifestantes. Já existem centenas de feridos, a maioria esmagadora jovens que participavam dos protestos (uma jovem de 19 anos chegou a perder um dos olhos, em Barcelona) e muitos estão presos de forma arbitrária.

A repressão da polícia longe de derrotar os protestos, na verdade, vem ampliando sua extensão e radicalização. E já estão sendo esperados novas manifestações durante este final de semana.

O recado das ruas

Estas manifestações tem grande importância, em primeiro lugar, para demonstrar o quanto é fundamental a defesa da liberdade de expressão, mesmo num país que se declara viver num regime democrático. Todos sabemos os enormes limites desta democracia dos ricos, ainda mais no Estado Espanhol, onde ainda se convive com uma Monarquia e uma forte opressão contra várias nacionalidades e regiões autónomas, como a Catalunha.

Entretanto, num contexto de grave crise pandemia, económica e social, estas manifestações da juventude representam também um forte recado ao regime monárquico espanhol e ao atual governo estatal, formado pelo Partido Socialista e o Podemos.

Não é possível conviver por mais tempo com este regime monárquico caquético, antidemocrático e corrupto. Herdeiro de um pacto que representou uma barreira para a construção de um regime político que de fato respeitasse ao menos às liberdades democráticas básicas e o direito a autodeterminação dos povos.

Portanto, acertam os setores da esquerda, da intelectualidade e dos movimentos sociais, como a organização Anticapitalistas, que realizam uma campanha política exigindo uma nova Constituição, instrumento político que acabe de vez com o atual regime monárquico.

Mas, os protestos da juventude desafiam também o atual governo estatal. Elas colocam em questão a estratégia do Psoe e do Podemos (e de seu governo), que quer conciliar com a herança antidemocrática do regime monárquico, aplicar os planos económicos da União Europeia e conviver também com a política de opressão dos povos, apenas buscando negociações que querem impor acordos sempre rebaixados.

Tem chamado a atenção também as frases e palavras de ordem nas manifestações reivindicando a luta antifascista. Demonstrando que a juventude não vai aceitar calada os ataques da extrema direita, em especial do partido Vox, que vem ocupando cada vez mais o espaço político da direita tradicional na política espanhola.

Por último, mas não menos importante, as manifestações, especialmente em Barcelona e em toda a região da Catalunha, podem reacender os movimentos de rua que exijam o respeito ao plebiscito de 2017, que definiu por maioria a favor da independência, e pela libertação dos presos políticos do “procés” (condenados pela lutar pela independência). No domingo passado, aconteceram as eleições regionais na Catalunha, com uma maioria de votos a favor de alternativas independentistas.

Mas, é importante compreender que a luta pelo direito do povo Catalão decidir sobre seu futuro, assim como de outras regiões do Estado Espanhol, deve ser travada de forma inseparável da luta para derrotar de conjunto o atual regime monárquico, enfrentando também todos os setores que defendem ou buscam conciliar com o atual regime político corrupto e antidemocrático.

Liberdade para Pablo Hasél já!

Em defesa da liberdade de expressão!

Abaixo a monarquia espanhola!

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