Sexta-feira (29/01), bancárias e bancários do Banco do Brasil realizarão o Dia Nacional de Paralisação. Durante 24 horas, os trabalhadores cruzarão os braços em protesto contra a proposta de reestruturação da instituição, anunciada recentemente.
Em votações virtuais no início dessa semana, bancários e bancárias deliberaram pela paralisação país afora. A ação faz parte das atividades previstas no calendário de mobilizações contra a reestruturação definido pela Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e também foi incorporado ao calendário proposto pela Plenária Nacional de Organizações das Lutas Populares.
O plano de reestruturação foi anunciado em 11 de janeiro pela direção do Banco do Brasil e representa retrocessos para a categoria e a sociedade. A proposta prevê o enxugamento da estrutura do BB, um plano de demissão que tem como meta atingir cerca de cinco mil funcionários, fim da função de caixa executivo e o fechamento de 361 unidades de atendimento, sendo 112 agências bancárias, 7 escritórios e 242 postos de atendimento. Para muitos funcionários, significará perda de cargos, com redução salarial, e mudanças forçadas de local de trabalho.
Entre 2016 e 2019, o lucro líquido ajustado do BB cresceu 122%, passando de R$ 8,033 bilhões em 2016 para R$ 17,848 bilhões em 2019. No mesmo período, o banco fechou 19% das agências e reduziu o quadro de funcionários em 16%. O movimento de queda no emprego foi mais intenso nos bancos públicos – BB e Caixa – do que nos bancos privados.
Agora, em plena pandemia de Covid-19, que matou mais de 220 mil pessoas, inclusive bancários e clientes, o Banco do Brasil, com o aval do governo federal, intensifica esse processo ao reduzir postos de trabalho e precarizar a atividade bancária e o atendimento à população, em especial em municípios interioranos. Além disso, prevê o aumento da base de atendimento de clientes. Ou seja, atender mais pessoas com menos funcionários, aumentando o ritmo de trabalho, impondo metas cada vez mais abusivas e um atendimento cada vez mais precário aos clientes.
O Banco do Brasil, apesar dos sucessivos ataques que o têm transformado cada vez mais em um banco de mercado, ainda é um banco público que cumpre um importante papel no país, com 4.368 agências espalhadas por todo o território nacional. No Brasil, pouco mais da metade (58,1%) dos 5.600 municípios tem agências bancárias. Cidades que contam com apenas agências de bancos públicos são 17,7% do total, isto é, 990 municípios, que depende exclusivamente de uma agência de banco público. A participação dos bancos públicos no crédito da região Norte e Nordeste do país chega a 90%.
O Banco do Brasil é responsável por 55% do crédito rural no Brasil, percentual que chega a 93% no Norte do país e quase 80% no Nordeste e Centro-Oeste. Na contramão disso, enxugou seu quadro funcional em 20 mil empregos desde 2013. Desde 2016, o banco fechou 1.072 agências bancárias e apresentou uma redução real de sua carteira de crédito da ordem de 29%. Esse cenário aponta para o esvaziamento do BB e mais amplamente do papel dos bancos públicos, que cumprem função essencial na economia brasileira.
A reestruturação do BB é um passo em direção à privatização e caminha no sentido do plano liberal de Bolsonaro e Guedes, que pretende entregar o patrimônio do povo brasileiro nas mãos da iniciativa privada. É um ataque pesado, em um momento difícil, no auge de uma crise sanitária, econômica e social no Brasil. Por isso, é muito importante a reação dos funcionários, em defesa de seus empregos e direitos, mas também em defesa do banco público. O movimento grevista se soma ao Calendário Nacional de mobilizações que já realizou imensas carreatas pelo país contra os efeitos da crise econômica à classe trabalhadora, pela vacina para todos já, pela volta do Auxílio Emergencial e pelo Fora Bolsonaro! Todo apoio à greve dos funcionários do BB!
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