Dinâmica de forte polarização em São Paulo
Nos últimos dias, Ibope e Datafolha divulgaram resultados (semelhantes entre si) de pesquisas que antecipam o cenário da corrida eleitoral na maior capital do país. Um olhar detido sobre elas indica um primeiro diagnóstico: o cenário é de forte polarização entre as principais correntes políticas da cidade: extrema-direita, direita e esquerda. Isso porque Russomanno, Covas e Boulos disputam as três primeiras vagas.
Russomanno é do partido Republicanos que abriga os filhos de Bolsonaro, Edir Macedo da Igreja Universal e Marcelo Crivella da trágica prefeitura do Rio de Janeiro. Também faz parte da coalização do PSDB no estado de São Paulo, afinal são projetos semelhantes. Russomano como deputado federal votou a favor da Reforma da Previdência e do pacote de maldades que tornou a vida da ampla maioria da população mais penosa.
Com a recente confirmação de sua candidatura, Russomanno pontua 24% no Ibope e 29% no Datafolha, mas sua imagem é marcada pelas derrotas acachapantes de 2012 e 2016 quando largou a disputa eleitoral em primeiro lugar e acabou derrotado sem lugar no segundo turno. Apesar disso, depois dos aprendizados de 2018, seria um erro subestimar um candidato conservador que se apoia no malufismo e em Bolsonaro. Por isso, derrotar o seu projeto e tirá-lo do segundo turno é possível e é uma tarefa democrática fundamental.
De outro lado, o PSDB segue sendo a principal corrente política burguesa na cidade e aparece bem posicionado para a disputa de uma das vagas no segundo turno. O objetivo do partido é a reeleição de Bruno Covas e sair fortalecido das eleições para impulsionar um bloco nacional com o MDB e DEM para disputar a presidência em 2022 com a figura de Dória. Com um projeto ainda mais elitista, Covas, que fez uma oposição superficial e midiática ao Bolsonaro, vai buscar se diferenciar do atual presidente na forma, mas disputar os votos de extrema direita da cidade como se viu no ataque ao Padre Júlio e no vídeo lgbtfóbico de seu vice, Ricardo Nunes.
A verdadeira oposição ao tucanato e à extrema direita na cidade, portanto, está nas mãos da esquerda e representada por Boulos e Erundina. A chapa do PSOL está em terceiro lugar no Ibope e Datafolha, pontua em segundo lugar na pesquisa espontânea e tem força de 18% entre aqueles e aquelas que rejeitam Bolsonaro na cidade. Com uma base eleitoral sólida e engajada presente nos índices entre 8 e 9% na pesquisa estimulada, Boulos e Erundina têm a missão histórica de liderar a esquerda e um amplo movimento democrático para evitar um cenário “BolsoDória” no segundo turno.
Ser de esquerda em São Paulo deve significar defender Boulos e Erundina em 2020
A forte polarização na cidade, sem dúvida, vai se traduzir em uma luta política de alta intensidade. Derrotar Bolsonaro e o projeto das elites tucanas com uma candidatura de esquerda em São Paulo é uma tarefa de enorme importância. Como tal, essa tarefa só tem como ser vitoriosa se unificar amplos e diversos setores da esquerda. Inclusive porque as candidaturas de Jilmar Tatto (PT) e Orlando Silva (PCdoB) que oscilam entre 1 e 2%, nestas eleições, não terão condições de encabeçar a luta pelo segundo turno.
A tarefa de superar o bolsonarismo também não pode ser endereçada para algum de seus colegas, como é o caso do Márcio França (PSB). Além de ter governado como vice de Geraldo Alckmin, ser financiado por grandes empresários do agronegócio e da mineração, França fez acenos explícitos ao Bolsonaro com agendas e declarações públicas lado a lado. Qualquer tentativa de Márcio França de se reposicionar como um candidato progressista não passará de retórica e oportunismo, afinal de contas, mesmo com seus esforços, Bolsonaro parece ter escolhido Russomanno como a sua prioridade em São Paulo.
Boulos não é “apenas” um candidato, mas alguém que dedica a sua vida para reverter o quadro brutal em que os trabalhadores e a juventude se encontram diante do crescimento do fascismo no país. É alguém com a autoridade de construir o maior movimento social da cidade e de ter lutado contra o golpe de 2016 e as medidas de Temer. Boulos está ao lado de Erundina, primeira mulher a governar São Paulo, que nunca mudou de lado na trincheira das classes e nem enriqueceu ao longo de uma vida dedicada à política. E é esse encontro de gerações que encabeça um programa onde a periferia está no centro do debate. Que fala com simplicidade, esperança e radicalidade sobre os graves problemas que a maioria sofre: saúde, renda, mobilidade urbana, educação. A Revolução Solidária é um conjunto de medidas anticapitalistas organizadas a partir dos problemas e lutas concretas. E é esse o projeto capaz de superar o fascismo pela raiz, porque se apoia em mobilização para disputar poder.
Por isso, a luta contra o fascismo em São Paulo significa lutar com todas as forças até 15 de novembro ombro a ombro com Boulos e Erundina. Estaremos a serviço desse projeto!
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