Pular para o conteúdo
BRASIL

Até onde vai a/o atleta?

Valmir Arruda*, de Fortaleza, CE
Wander Roberto/Inovafoto/CBV

Qual o limite de uma atleta, ou um atleta? Na verdade, essas pessoas são marcadas por superar os limites que o restante de nós, seres “normais” não conseguimos. Não conseguiríamos correr como o Bolt, nem enterrar como o LeBron, nadar como a Joana Maranhão, ou ainda fazer os gols que a Marta fez e faz. Essas figuras seriam, então, alienígenas? Algo como “super-humanos”?

Não, são pessoas que através de uma mistura de talento, persistência, treinamento e oportunidade conseguiram chegar a um “outro patamar”. Mas, ainda são genuinamente humanos e quando ampliamos nossa análise, principalmente no Brasil, para além dos “mega” astros, ou melhor, dos verdadeiros “mitos”, perceberemos que temos homens e mulheres que se superam todos os dias para tentar sobreviver do esporte.

Dentro das contradições impostas pela sociedade capitalista, a mercantilização do esporte transformou esses/essas pessoas/atletas em mercadorias, contudo, em alguns casos, elas e eles resistem, enfrentam as próprias contradições e têm suas concepções de vida, de família, seus princípios, sua ética, seu posicionamento político.

Política aqui vai para além dessa polarização infantilizada Bolsonaro/Lula PT, afinal, o quadro está caótico, a “nova-velha” política continua, as desigualdades se ampliam e o povo paga a conta. O dólar subiu a níveis astronômicos e o arroz também, a corrupção continua e veio acompanhada do discurso neofascismo, a liberdade de expressão está sendo confundida com a indústria das “fakenews” e tudo ganha uma força descomunal das redes sociais.

Ao presenciarmos uma/um atleta se posicionar deveríamos sentir orgulho, pois ali está um ser humano que, mesmo com as dificuldades que se têm para se sobreviver do esporte no Brasil, continua tentando. E se esse grito for pela democracia contra o fascismo, pelo fim do racismo, pelo fim da violência policial, pelo fim da violência contra a mulher, pelo fim da fome, por melhoria na saúde e educação, por moradia, pelos excluídos, pelas causas que melhorem nossos patamares de civilidade, devemos aplaudir. Se não concordo, tudo bem, vamos para o debate, traga seus argumentos, sem frases prontas, sem falar do Lula e do PT, pode ser?

Carol Solberg (@carol_solberg), todas as felicitações a você pela postura e, principalmente, por se posicionar diante de tudo que estamos vivendo. Confederação Brasileira de Vôlei (@cbvolei), deixe seus atletas se manifestarem e aprendam a escrever notas sem termos racistas. Agora, vale lembrar que, na época da campanha, teve foto no pódio com clara manifestação política. Quais foram as providências? Não existindo nenhuma “punição” no caso da foto (e não deveria), não deve haver “punição” agora. E sim, os “palcos” esportivos devem ser espaço para manifestações, sim. Vocês estão assistindo à NBA? Já assistiram às Olimpíadas? Esporte como elemento social, como espetáculo, como lazer, ou em qualquer que seja sua manifestação, deve ser politizado, problematizado e os/as atletas devem ter seu direito de livre expressão respeitado.

#orgulhocarolsolberg
#vergonhacbv
#esporteepolitica
#esporteesociedade

*Valmir Arruda é professor do IFCE

**O texto reflete a opinião do autor e, não necessariamente, a linha editorial do Esquerda Online