Pular para o conteúdo
MOVIMENTO

Organizar a mais importante luta da história da Caixa Econômica Federal

Defender a Caixa é defender o povo brasileiro. Diante da MP 995, da inviabilização do Saúde Caixa e da implementação de uma nova concepção de gestão que enfraquece a organização sindical de base, o nosso maior desafio é viabilizar o movimento para a mais importante luta na história da Caixa Federal.

Flaviano Correia Cardoso*

Estamos diante da maior crise econômica da história mundial. Para nós brasileiros essa tragédia é potencializada pelo fato de termos o governo mais despreparado da história do nosso país.

Para se ter uma ideia do tamanho da crise em que estamos inseridos, é a primeira vez que mais da metade dos brasileiros em condições de trabalhar se encontram desempregados. Esse quadro só não foi mais arrasador porque o Congresso Nacional, com vitoria da oposição, aprovou o maior pacote social da história: o Auxílio Emergencial. Tal ajuda chegou a garantir uma renda mínima de até R$1200,00 por família, pagamento este que foi viabilizado por um dos maiores e mais importantes Bancos públicos do mundo – A Caixa Econômica Federal.

Estamos perto de alcançar a assustadora cifra de 120 mil mortes por COVID19 em nosso país, e quase 4 milhões de infectados. As necessárias medidas de isolamento social levariam milhões à miséria não fosse o trabalho heroico e corajoso de milhares de trabalhadores bancários em nosso país. Os empregados da Caixa assumiram, com muita coragem, a missão de viabilizar a sobrevivência econômica de mais de 66 milhões de brasileiros, porque os bancos privados tiraram o corpo fora.

Diante da confirmação dessa importância histórica, a população brasileira, esperava que a Caixa econômica fosse fortalecida enquanto patrimônio público, sendo os seus empregados valorizados e reconhecidos pelo mérito de seus serviços durante a pandemia. Não foi o que aconteceu!

No dia 07 de agosto, foi apresentada a Medida provisória 995, que impõe a reorganização societária da CEF, abrindo espaço para a privatização dos setores mais lucrativos do Banco. Com isso, em uma medida unilateral, o governo pretende realizar um velho sonho do Capital especulativo internacional, ser dono de parte de um dos poucos bancos 100% públicos do mundo, retirando do controle do povo brasileiro uma empresa que é uma das grandes marcas de nossa soberania nacional.

Para implementar tamanha privatização, o governo precisa derrotar uma poderosa e histórica estrutura sindical, forjada por meio de potentes greves nacionais da categoria bancária, já que nos bancos o movimento grevista é nacional e unificado.

O primeiro passo foi implementar uma estrutura de gestão que atacasse o movimento sindical na base. Dirigentes sindicais, delegados e ativistas foram perseguidos, seja com a inviabilização de sua carreira no banco, seja com atos de demissão em processos administrativos. No panorama geral dos trabalhadores, reformas de peso foram implementadas, destacando-se a Reforma da Previdência e a Reforma trabalhista.

Agora, aproveitando-se da maior crise sanitária de nossa história, o governo e os banqueiros pretendem derrotar os trabalhadores bancários impondo o um pacote de retirada de direitos sem precedentes desde a era FHC. Ao saber da proposta apresentada nas mesas nacionais de negociação, não há um trabalhador que não se surpreenda com a ousadia, o desrespeito e a injustiça das propostas para o acordo coletivo de 2020.

O maior e mais lucrativo negócio do mundo, responsável por lucros anuais de 132 bilhões de reais, propõe reduzir pela metade a participação dos lucros dos bancários, além de inviabilizar o Plano de Saúde de mais de 100 mil trabalhadores na Caixa Federal, chegando a aumentar em até 400% o custo dos titulares e seus dependentes quando estes precisarem de atendimento médico para tratar da saúde.

O que os bancos e o governo não esperavam aconteceu nas assembleias organizativas  no último dia 25 de agosto. Mesmo por meio virtual, as reuniões contaram com milhares de trabalhadores, bantendo recorde de participação em todo país e apresentado uma forte disposição, diante de um ataque de proporções inéditas,  para realizar a maior greve da história bancária em todo país.

No entanto, uma grande parte da direção dos sindicatos ainda tem dúvida se é possível deflagrar a greve. É fundamental que organizemos um movimento forte mesmo sobre as condições adversas da pandemia, realizando uma grande campanha junto à população brasileira sobre a importância da manutenção da Caixa como banco 100% público, e sobre a justiça de nossas reivindicações enquanto empregados. Devemos, inclusive, buscar meios de garantir o pagamento do Auxílio emergencial durante a greve, ao mesmo tempo que ganhamos força na campanha contra a privatização de uma de nossas mais importantes empresas públicas nacionais.

É possível vencer essa luta! Defender a Caixa Econômica Federal e os direitos dos trabalhadores bancários é defender o povo brasileiro! É preciso que toda a nação apoie e se engaje!

 

*Flaviano Correia Cardoso é empregado da Caixa Econômica Federal há mais de 11 anos, advogado, Delegado sindical de base e ativista político. Por conta de uma luta contra o assédio moral em sua unidade de trabalho foi perseguido e demitido por justa causa no último dia 17 de agosto. A campanha nacional pela sua readmissão já conta com mais de 100 entidades sociais e sindicais em todo país da categoria bancária e de outras categorias.