“Acho que o que a pandemia nos mostrou é que as coisas podem mudar rapidamente, para melhor ou para pior“.
(Opal Tometi, uma das fundadoras do Movimento Black Lives Matter)
Na tarde deste domingo, dia 23 de agosto, na pequena cidade estadunidense de Kenosha, Estado do Wisconsin, próximo de Chicago, a polícia cometeu mais um crime absurdo, covarde e racista. Um policial branco atirou pelas costas num homem negro, que tentava entrar no seu automóvel. A ação foi gravada e este vídeo ganhou rapidamente as redes sociais.
A vítima de mais esta ação cruel foi Jacob Blake, de apenas 29 anos. Dentro do automóvel estavam seus 3 filhos, que assistiram seu pai ser baleado de forma criminosa e racista pela polícia da localidade. Blake segue internado em estado grave, ele pode ter sido alvejado por até 7 tiros, dados a “queima roupa” por um ou dois policiais.
Na noite do mesmo domingo, explodiu uma forte e legítima revolta popular na cidade. Os manifestantes realizaram um grande e radicalizado protesto de rua, que foi reprimido violentamente pela polícia local. Os principais conflitos se deram próximo ao Fórum de Kenosha, onde um ônibus chegou a ser incendiado.
Estas manifestações já se tornaram automaticamente mais um capítulo do heroico Levante Antirracista, que tomou conta dos EUA desde que George Floyd foi assassinato por um policial branco racista, no dia 25 de maio deste ano.
A família de Blake já acionou o mesmo advogado especialista em direitos humanos e crimes racistas, Ben Crump, que atende a família de Floyd. O absurdo de mais este crime racista foi tanto que o próprio governador de Wisconsin, o democrata Tony Evers, condenou a ação e a comparou com outros crimes racistas que aconteceram recentemente nos EUA, como o brutal assassinato de George Floyd.
Os protestos devem continuar não só em Kenosha, mas a barbaridade deste crime racista deve intensificar os protestos antirracistas em outras regiões do EUA, ampliando a polarização política vivada no país, a 70 dias das eleições presidenciais, confirmadas para dia 3 de novembro.
Trump aposta em intensificação do discurso de extrema direita
O ataque racista da polícia de Wisconsin contra o negro Jacob Blake acontece logo no início da semana em que vai acontecer a convenção do partido republicano, que vai oficializar a candidatura a reeleição do atual presidente Donald Trump.
Trump vem apostando cada vez mais num discurso de extrema direita, ampliando ainda mais a polarização política contra os protestos antirracistas e atacando também os setores mais à esquerda do partido democrata.
Ele vem buscando reverter a desvantagem que vem sendo medida por pesquisas de opinião, atacando a escolha da candidata a vice-presidente da chapa democrata, a senadora negra Kamala Harris. Afirmando que que caso Joe Biden vença as eleições, radicais de esquerda mandariam no seu governo.
Nada mais falso, afinal a chapa democrata formada pela dupla Joe Biden-Kamala Harris está longe de representar de fato as propostas da esquerda dos EUA e os anseios dos protestos antirracistas que seguem ocorrendo no país, praticamente initerruptamente.
A radicalização reacionária de Trump chegou às raias do absurdo. Ao ponto, que se espera a presença na convenção do partido republicano, que começa nesta segunda-feira, do casal que ficou conhecido nos EUA por ter apontado armas contra um protesto antirracista.
Este fato absurdo aconteceu em St. Louis, em Missouri. Quando um protesto antirracista passava em frente a mansão do casal Mark e Patricia McCloske, eles foram para frente da sua casa luxuosa e apontaram armas contra a manifestação legítima. Trump já tinha compartilhado o vídeo desta ação racista na sua conta no Twitter. E agora, o casal racista foi convidado para fazer um depoimento na convenção do partido republicano.
Ainda é esperado a presença de outros radicais de extrema direita na convenção republicana, que está totalmente dominada pela agenda ultra reacionária de Trump e seus apoiadores mais diretos. Inclusive, este fato vem reforçando que expoentes do partido republicano tenham se negado a comparecer a convenção, com o ex-presidente W. Bush, e alguns até estão declarando voto no candidato democrata, Joe Biden.
Quanto mais se aproximam as eleições presidenciais de 3 de novembro, mas a situação de polarização política se intensifica nos EUA. Um país conflagrado por 3 elementos principais: a pandemia que fez dos EUA o país com mais infectados e mortos pela Covid-19; a brutal crise econômica com suas evidentes consequências sociais; e a incrível força do Levante Antirracista, que segue tendo apoio majoritário na população estadunidense, segundo pesquisas de opinião.
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