Esse discurso cínico e abjeto é fruto de um entendimento e de uma necessidade maior que os podres poderes têm, de avançar nas reformas que beneficiam a burguesia e prejudicam os trabalhadores. Maia enfatizou que não seria “a hora” de “paralisar” o parlamento para discutir o processo de impedimento do presidente.
Esse raciocínio nos leva a crer que não bastam os inúmeros crimes de Bolsonaro, principalmente contra a vida e a saúde pública. O que importa para todos (executivo, legislativo e judiciário) é a aprovação das reformas e o pagamento dos bilhões de reais da dívida pública aos banqueiros. Rodrigo Maia é defensor dessa política.
Maia preserva o Governo da Morte
Diante deste quadro pouco animador, o que faz Bolsonaro? Apoia-se nos 30% de apoiadores e faz política para este setor. O mesmo grupo que o recepciona nas manhãs de domingo em Brasilia e faz seguidas carreatas durante a quarentena exibindo faixas e cartazes exaltando o culto à personalidade do presidente, o militarismo, o autoritarismo e o desprezo pela democracia – características fascistas. Todas essas ações irresponsáveis do governo – ameaça de endurecimento do regime com ataques à imprensa e aos outros poderes – estão endereçadas a estes bolsonaristas ortodoxos. Para que essas ameaças se tornem realidade, Bolsonaro conta com o apoio das Forças Armadas.
Os Podres Poderes lavam as mãos
O governo federal seguirá defendendo o fim da quarentena, uso da cloroquina e demais insanidades ao passo que fará tudo para agradar o mercado financeiro. Isso serve também para as movimentações dos estados e municípios como São Paulo e Rio de Janeiro, em que Dória, Covas, Witzel e Crivella relaxam a quarentena para agradar os grandes empresários.
Sobre as agruras na superestrutura, não se pode nutrir qualquer ilusão no andar de cima. O avanço das investigações das Fake News no STF dificilmente vingará e Rodrigo Maia – principal articulador da Reforma da Previdência e Trabalhista – não vai levantar de cima dos cerca de 50 processos de impeachment que estão em seu gabinete. Para que os acovardados e/ou acomodados do Legislativo e Judiciário façam sua parte, seria decisivo a participação popular como nas mobilizações do 15M no ano passado. Infelizmente a quarentena impede que a indignação tome as ruas com milhares. O governo se aproveita dessa ausência forçada das mobilizações em função da pandemia e provavelmente continuará sua escalada autoritária com ameaça às liberdades democráticas tentando intimidar a tudo e todos, mesmo que tenha diminuído essa carga após as investigações sobre as Fake News e cassação da chapa presidencial. O ministro da Economia, Paulo Guedes, continua trabalhando nos bastidores pela aprovação da Reforma Tributária com a possibilidade de uma volta da CPMF e mudança no Imposto de Renda. Guedes, inimigo declarado do serviço público, e Maia defenderam que os servidores federais tivessem diminuição em seus salários em função da pandemia – proposta que não prosperou – mas calaram-se sobre a revogação da EC 95/2016 – que retirou bilhões de reais do SUS e sobre as dividas bilionárias das empresas com a previdência.
Portanto, nenhuma confiança em Rodrigo Maia, que sustenta o governo e quer aprovar as reformas que vão piorar a vida do povo. Se tem um outro grande vilão, além de Bolsonaro, esse é o presidente da Câmara.
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