Em carta direcionada à Fundação São Paulo e à Maria Amalia Pie Abib Andery, Reitora da PUC/SP, o Coletivo Neusa Santos busca junto à universidade medidas para assegurar a consolidação do Programa de inclusão social: cotas étnico-raciais, nos Programas de Pós-Graduação, aprovado por deliberação do CONSUN nº 12/2017 em 06/06/2017.
O atual contexto do Brasil, com o desmonte das políticas públicas e a falta de investimento na educação, impacta negativamente na produção acadêmica, principalmente na Pós-graduação, onde muitas pesquisadoras e pesquisadores dependem de bolsas para suprirem suas necessidades, enquanto se dedicam às suas pesquisas. O cenário torna-se ainda mais crítico quando considerada as populações negra e indígena, que ao longo da história tiveram seus direitos usurpados, ocupando na estrutura da sociedade papéis subalternizados, encontrando dificuldade de acesso ao mundo do trabalho, à saúde de qualidade, à educação básica, acessando tardiamente os cursos de graduação e pós-graduação consequência do racismo estrutural e institucional. A ausência de bolsas inviabiliza a inserção e permanência dos referidos grupos na Pós-Graduação.
Na carta encaminhada, o Coletivo coloca que a PUC-SP reconhece a importância da luta antirracista e vem demonstrando um compromisso com a população negra, percebido em ações como por exemplo, a já citada publicação da deliberação CONSUN nº12/2017. Considerando o atual cenário de crise sanitária, política e econômica vivenciado, o documento, dentre outras pautas, solicita posicionamento da Fundação São Paulo quanto à possibilidade de implementação de bolsas emergenciais, para que estudantes negros/as aprovados no Mestrado e Doutorado no segundo semestre de 2020, possam ter assegurada a sua permanência na Pós-Graduação, bem como para fortalecimento do programa de inclusão social: cotas étnico-raciais, nos Programas de Pós-Graduação.
A carta é assinada pelo Coletivo de Pesquisadoras(es) Negras(os) Neusa Santos como apoio da Associação de Pós-Graduandos (APG/PUC).
VEJA ABAIXO
São Paulo, 27 de julho de 2020
À Fundação São Paulo e à Profa. Dra. Maria Amalia Pie Abib Andery
É de conhecimento desde Coletivo que a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo deu um passo significativo quando instituiu o Programa de inclusão social: cotas étnico-raciais em seus Programas de Pós-Graduação, a partir da deliberação do CONSUN nº12/2017 em 06/06/2017.
Entendemos que a atual situação na qual o Brasil se encontra, com o desmonte das políticas públicas e a falta de investimento na educação, impacta negativamente na produção acadêmica dos discentes de todos os níveis da educação, mas quando considerados os programas de pós-graduação, os impactos são ainda mais devastadores, uma vez que muitas pesquisadoras e pesquisadores dependem das bolsas para suprirem suas necessidades básicas enquanto se dedicam às suas pesquisas, e no caso das universidades particulares existe ainda a necessidade do pagamento das mensalidades, o que faz com que, sem bolsas muitos de nós não possa dar continuidade a seus estudos.
O cenário torna-se ainda mais crítico quando considerada as populações negra e indígena, que ao longo da história tiveram seus direitos usurpados, ocupando na estrutura da sociedade papéis subalternizados, encontrando dificuldade de acesso ao mundo do trabalho, à saúde de qualidade, à educação básica, acessando tardiamente os cursos de graduação e pós-graduação consequência do racismo estrutural e institucional. E, apesar de todos esses desafios, chegamos aqui.
Entendendo que a PUC-SP reconhece a importância da luta antirracista e vem demonstrando um compromisso com a população negra, percebido em ações como a implementação do Programa de inclusão social: cotas étnico-raciais em seus Programas de Pós-Graduação, já citado anteriormente, vimos por meio desta solicitar a apreciação da PUC-SP e da Fundação
São Paulo quanto aos seguintes pontos:
- Publicização nos editais de processos seletivos de mestrado e doutorado divulgados no site da PUC-SP (para diversos programas) quanto à existência de bolsas disponíveis para alunos ingressantes na pós-graduação. Dessa forma, os alunos poderão ter ciência da existência de bolsa antes de efetuar o pagamento da matrícula ou mensalidades futuras;
- Posicionamento da Fundação São Paulo quanto à possibilidade de implementação de bolsas emergenciais, considerando o atual cenário de crise sanitária, política e econômica vivenciado;
- Possibilidade de estorno total do valor pago pela matrícula, sem a dedução dos 25%, uma vez que os discentes são condicionados ao pagamento do valor para então participar do edital de bolsas.
Desde já agradecemos a atenção e aguardamos retorno,
Coletivo de Pesquisadoras(es) Negras(os) Neusa Santos
Pós-Graduação
PUC-SP
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