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BRASIL

Alunos da UFJF lançam abaixo-assinado contra o Ensino Remoto Emergencial

ersidade Federal de Juiz de Fora

Campus da UFJF
UFJF

EDUCAÇÃO, PANDEMIA E ENSINO REMOTO – NEM UM PASSO ATRÁS

A irresponsabilidade de Bolsonaro, no enfrentamento à pandemia Covid-19, faz com que ultrapassemos hoje a marca de 80 mil vítimas, e mais de 1 milhão de casos confirmados. Cada dia mais os números escancaram o Brasil como epicentro da crise sanitária. Não temos hospitais de campanha suficientes, não temos testes e os trabalhadores não têm, em grande maioria, direito ao isolamento social. O governo se nega em colocar a vida do povo brasileiro em primeiro lugar, além de atacar governadores que minimamente tentem conter o colapso.

Como se não bastasse não ter garantia de sobrevivência, Bolsonaro vê agora a oportunidade de concretizar sua promessa de campanha: ampliação do ensino à distância (EaD). Uma matéria divulgada no site do Senado no início de 2019 remonta à visão do governo sobre a estratégia da EaD:

“O presidente entende como forma eficaz para se combater a suposta doutrinação política, ao estendê-la também ao ensino fundamental da rede pública, sobretudo em áreas rurais. O EaD já está previsto na reforma do ensino médio homologada pelo Ministério da Educação (30% da carga horária). Para expandi-lo ao ensino fundamental, seria preciso romper com as diretrizes do CNE. O método proposto de ensino à distância pretende utilizar a tecnologia como forma de baratear custos […]”

Diante da pandemia, o governo se aproveita do argumento da emergência para apresentar, junto com os entusiastas da iniciativa privada, o Ensino Remoto, Educação a Distância, entre outras alternativas semelhantes como únicos meios para “solucionar” o problema da suspensão das aulas.

Em nossa opinião, a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade exige entender a totalidade do contexto de pandemia em que os estudantes e trabalhadores da educação se encontram. Maior atenção ainda devemos ter com aqueles e aquelas em situação de vulnerabilidade social, acumulando preocupações financeiras à busca pela manutenção de sua saúde física e mental. Nós como membros de uma comunidade acadêmica, defensores do ensino em uma perspectiva integral e humanista não podemos incorrer no mesmo erro de desconsiderar que a prioridade de todas e todos é a preservação da VIDA.

Entendemos que vivemos um período emergencial, mas educação de qualidade não se constrói com medidas emergenciais. Acreditamos no caminho do diálogo, da prioridade à saúde física e mental e na construção de um planejamento cuidadoso em que estes princípios se preservem. Devemos então compreender, como esse projeto de ensino remoto emergencial pode vir a trazer consequências políticas maiores para a educação, já que, sabemos os interesses do atual governo Bolsonaro-Mourão e como o mesmo pode utilizar essa possível experiência a favor do desmonte da educação pública, presencial e de qualidade. Não podemos nos enganar!

Por isso, vem por meio desta carta propor uma reflexão coletiva.

Entendemos que o papel do Movimento Estudantil para com a comunidade acadêmica, a qual democraticamente o escolheu para representá-la, passa por apresentar o debate de forma QUALIFICADA, solidificar os canais de diálogo e assim construir possíveis estratégias e alternativas, que não sejam excludentes ou advindas do ideal de educação das Instituições privadas que tentam se aproveitar do atual cenário de pandemia para lucrar com prestação de serviços e tomar nossas Universidades Públicas de assalto. É papel também do movimento estudantil compreender que o ERE NA UFJF NÃO FOI APROVADO, dessa forma, não podemos nesse momento ter qualquer análise possibilista e entreguista. É nossa tarefa e dever lutar para barrar o ensino remoto emergencial, mais importante do que regularizar o calendário acadêmico e possibilitar pessoas de se formarem, é garantir a qualidade de ensino oferecido e não deixar ninguém de fora desse processo. O que não vai ser abarcado também com a proposta período facultativo que muitos estão defendendo. Temos diversas experiências de lugares que o ERE já está sendo implementado e não está dando certo, aprofundando as discrepâncias de acesso e ensino, como também, temos experiência de cursos que conseguiram barrar!

Deste modo, destacamos os seguintes pontos:

1 – Todos nós tínhamos planos para 2020, mas diante do cenário atual A PRIORIDADE AGORA É A VIDA;
2- Destacamos também que entendemos o momento a qual atravessamos como potencializador do adoecimento mental e que diante desse cenário assim como a saúde física, a saúde mental deve ser preservada. É preciso pensar em apoio psicológico aos estudantes de modo que a universidade não se transforme em um “Ifood” da educação. Educação não é mercadoria!
3 – É preciso considerar que, na modalidade EaD, as taxas de evasão têm apresentado números altos, chegando a 75% em cursos técnicos e em torno de 40% no Ensino Superior, conforme o Censo 2017 EaD da ABED, portanto configurando um GRAVE CENÁRIO mesmo antes da pandemia;
4 – Que a reorganização dos cursos deve NECESSARIAMENTE passar pela da convocação via canais oficiais da representação discente e dos demais coletivos atuantes na UFJF de modo a garantir a democracia no debate interno e fortalecer a Universidade como um todo frente a esse cenário;
5 – Que defendemos a necessidade de se construir possibilidades de REGIME ESPECIAL, junto aos órgãos competentes da Universidade para alunos que se enquadram na categoria de formandos neste semestre;
6 – Defendemos a continuidade do oferecimento do conjunto de programas de bolsas em vigor na universidade até o retorno das aulas;
7 – Consideramos que cada instituto tem ESPECIFICIDADES como a necessidade de laboratórios, softwares e estrutura de caráter técnico para o desenvolvimento dos processos de ensino- aprendizagem, tal como também bibliotecas. Estes exigem um alto investimento, estando inacessível para muitos estudantes e de maior dificuldade para alunos em situação de vulnerabilidade social obterem tais recursos caso se consolide um regime de ensino a distância;
8 – Importante destacar também que toda e qualquer atividade necessita ser pensada sob o prisma da ACESSIBILIDADE, à exemplo dos desafios já enfrentados no que se refere aos intérpretes de LIBRAS, para evitar o aprofundamento das exclusões para com a parcela da comunidade que necessita destes serviços;
9 – Que é papel do Movimento Estudantil intervir nos fóruns competentes com o intuito de não permitir que o abismo da desigualdade social na Educação brasileira seja aprofundado, portanto NENHUM ALUNO DEVE FICAR PARA TRÁS;
10 – No que tange às possíveis deliberações acerca do cenário nas áreas de curso como um todo, a ausência de integração da representação discente ou coletivos do instituto nessas discussões representaria um grave enfraquecimento da democracia no debate interno.

Diante disso, convidamos a comunidade acadêmica suas contribuições sobre o debate para que possamos construir um argumento da forma mais ampla e democrática possível diante do cenário atual como representação discente, também convidamos todas e todos a assinar o formulário acima mencionado. Ressaltamos que a finalidade para além do fomento do debate qualificado é a construção de um documento a ser apresentado juntamente com essa carta nos fóruns competentes à nossa representação discente.

Esse debate abrange a todos nós estudantes, professores e técnicos, por isso, é de extrema importância cobrarmos posicionamento contrário das nossas entidades de base e do DCE. Com esse intuito de unidade para mobilizarmos a nossa posição estamos aqui fazendo esse abaixo assinado. Contamos com a assinatura de vocês e a divulgação massiva nos grupos e redes sociais com a hashtag #NAOERENAUFJF para apresentar na próxima reunião do CONSU, considerando que no pronunciamento da UFJF através do reitor, divulgado nas redes oficiais da instituição há uma semana, foi dito que até o dia 31 de julho de 2020 seria apresentada no Conselho Superior uma proposta de retomada das atividades da graduação em caráter de Ensino Remoto Emergencial.

BARRAR O ENSINO REMOTO!
#NAOERENAUFJF