Minas Gerais hoje conta com mais de 82 mil casos confirmados de COVID-19 e quase 1800 óbitos. Apesar da existência de dados mais críticos em outros estados do país, é preocupante que, após quatro meses do início das medidas de segurança contra o novo coronavírus no estado, Minas Gerais apresente uma curva de forte ascendência.
Desde o mês de junho, os números de mortes no país apresentam uma estabilidade. São Paulo, Bahia e Ceará são exemplos de estados que alcançaram o chamado platô em seus gráficos. Outros lugares como Amazonas, Pará, Rio de Janeiro estão conseguindo baixar sua curva, porém Minas Gerais encontra-se entre os estados onde se presencia o aumento diário de pessoas contaminadas. É o único do Sudeste nesta situação.
E isto ocorre mesmo sob uma forte subnotificação dos casos, evidenciada pelo aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) comparados ao mesmo período dos dois anos anteriores. Este cenário motivou o PSOL Minas Gerais a protocolar, na última quinta-feira (16/07/2020), no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, um mandado de segurança contra a Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas Gerais, para garantir à população o direito a informações corretas e precisas sobre a pandemia da Covid-19 no estado.
Fonte: https://bigdata-covid19.icict.fiocruz.br/
Pesquisa realizada em conjunto pela UFMG e UFRN, utilizando a geolocalização das pessoas por meio de celulares, com dados de fevereiro a junho, demonstrou que o crescimento dos casos de contaminação por COVID-19 em cidades mineiras aumenta a medida que se diminui o isolamento social e as politicas municipais de restrições de circulação. A constatação que deveria ser evidente, não parece ser frente as políticas dos prefeitos ao longo do estado. Com ausência de medidas de ajuda ao comércio e setores do pequeno empresariado, observa-se uma pressão pela flexibilização do funcionamento de setores que estão há meses parados.
O governador Romeu Zema (NOVO) no mês de abril fez uma fala criticando os prefeitos que estavam tomando medidas mais rígidas de isolamento, chegando a afirmar que o vírus tinha que “viajar um pouco. Analisando mais atentamente verifica-se agora, por um lado, a interiorização do vírus e, por outro, o aumento da proliferação no centro do Estado. Já são 763 (dos 853) municípios com casos confirmados, sendo que 317 deles já apresentam mortes. As regiões central e do triângulo mineiro são onde se tem mais pessoas contaminadas.
Tudo isso se torna ainda mais grave diante das condições da saúde no Estado. Foram anos de desinvestimentos e abandono. Estamos com alta taxa de ocupação de leitos de UTIs e estes leitos não estão bem distribuídos, localizando-se em maioria na capital mineira. Após 4 meses de alerta, inúmeros municípios continuam sem equipamentos adequados para atendimento de pacientes graves de covid, que precisam ser transferidos para outros municípios.
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