A pandemia desmascarou o Brasil como um dos países mais desiguais socialmente no mundo. Esse momento exige o isolamento social como forma de conter o covid-19 e salvar a vida de milhares de brasileiros, maioria da classe trabalhadora. No entanto, os governos federal, estadual e municipal ainda não imprimiram ações que enfrentem a doença, assegure o emprego, o trabalho informal e a agricultura familiar, garantindo a proteção da classe trabalhadora.
O auxílio emergencial de R$ 600,00 não assegura as condições mínimas para a sobrevivência de uma família, e inúmeras famílias não conseguiram o auxílio, e milhões de pessoas saem as ruas para trabalhar. Lembramos que Bolsonaro queria auxilio de R$ 200,00, e que a pressão do PSOL e partidos da oposição garantiu os R$ 600,00, podendo chegar até R$ 1.200,00, por família.
Assim como no restante do país, aqui no RN, a situação de extrema desigualdade social faz com que grande parte das famílias dos alunos da escola pública não tenham aparelhos eletrônicos nem serviço de internet para acompanhar as aulas Remotas. A Governadora Fátima Bezerra sequer entregou kit alimentar de forma ampla e contínua nesses três meses de crise sanitária.
Desta forma, a imposição do ensino remoto, seja por parte da SEEC ou pelas Secretarias de Educação dos municípios potiguares, que já está em curso na Secretaria Municipal de Educação de Ceará Mirim (e que deve ser replicado por todo estado), termina sendo inviável, pois caracteriza-se como uma política educacional excludente, um “faz de conta”, uma vez que grande parte dos alunos não terão acesso. Além disso, uma parte significativa das educadoras e educadores não tem experiência com ambientes virtuais de aprendizagem, produção e edição de vídeos, requisitos básicos para o Ensino à Distância e remoto.
Por isso, o Coletivo Educação Pela Base se coloca contrário à aplicação de políticas educacionais que ampliam a exclusão dos alunos da escola pública ao acesso à educação. Entendemos que o espaço da Escola proporciona não apenas ter acesso aos conhecimento formal, mas sobretudo a socialização, o aprender a conviver com as diferenças, a respeitar o outro, a partilha, a troca de experiências, saberes e a construção coletiva do conhecimento
Nesse sentido defendemos fornecimento de ferramentas digitais, bem como a estruturação tecnológica da escola e formação para professores e estudantes que utilizarão as TICs como apoio ao ensino presencial (não como substituição), e ainda quando necessária, a universalização do direito a internet e comunicação nos bairros, distritos e áreas rurais.
Por fim, fazemos um chamado ao SINTE (Estadual e Regionais) para realizar uma campanha voltada a esclarecer os trabalhadores em educação e a comunidade escolar em geral, sobre os impactos do ensino remoto, além de realizar um grande debate no seio da categoria para tirar diretrizes básicas para o pós pandemia, como por exemplo, como ficará o calendário letivo, o número de alunos por sala, os meios de higienização no ambiente escolar, etc. Alertamos aos trabalhadores da educação que a política de EAD e ensino remoto só interessa aos governos e empresas educacionais que ganharão bilhões, e que poderá resultar em adoecimento dos profissionais e até demissões.
Reiteramos, ainda, que só será possível voltar às aulas da rede pública de educação do Estado do RN e dos municípios, quando o vírus for derrotado. A prioridade agora deve ser salvar vidas!
NÃO ao ensino remoto e a EAD! Em defesa da educação básica regular!
QUE um novo calendário seja discutido democraticamente após o controle da pandemia!
DISTRIBUIÇÃO de kits alimentares e de higiene em todas as escolas Públicas só RN de forma regular!
SALVAR vidas em primeiro lugar!
Comentários