A pandemia no Brasil afetou diretamente a percepção das massas ao governo, desde o começo da crise vemos a rejeição ao Bolsonaro subindo, agora conseguimos identificar quem são aqueles que tem um projeto neofascista e que se identificam com as ideias que habitam no palácio do planalto. As últimas pesquisas mostram que a rejeição ao governo gira em torno de 70% e a aprovação em 30%. Com as crescentes ameaças golpistas, cresce uma necessidade de união, e assim surgiu a hashtag #Somos70%.
Quem são os 70%:
Dentro dos 70%, tem dos comunistas que fazem oposição ao governo desde o seu primeiro dia, até aqueles que largaram Bolsonaro meses atrás. Vemos que nesta palavra de ordem não se tem um programa, nem mesmo caráter de classe tem nessa hashtag. Esse mantra foi materializado pelo manifesto “juntos”, que nada mais é uma aliança buscando um governo de “direita-democrática”, que nem mesmo defende uma queda do atual presidente. Isso não significa que devemos abrir mão da unidade de ação para derrotar Bolsonaro, mas também não devemos abrir mão do projeto marxista-revolucionário, entendendo que não estamos no mesmo lado de gente como: Doria, Witzel, Moro, Luciano Huck; para essas pessoas se Bolsonaro estivesse 10% mais moderado, continuariam do seu lado, e se caso o presidente volte a representar os seus interesses, com certeza voltarão a apoiá lo.
O contrário de fascismo, não é a democracia burguesa e sim o poder popular:
Entendemos que, não encontramos no Brasil uma situação pré revolução socialista, porém vemos a crise escancarando as mazelas desse sistema genocida. Estar ao lado da classe trabalhadora apresentando um projeto de emancipação agora é fundamental, mas também vivemos uma ofensiva neofascista, o que nos obriga a fazer unidade de ação. Não devemos abrir mão do nosso projeto para caminhar ao lado de quem destrói direitos da classe trabalhadora.
Devemos construir uma palavra de ordem que representa 99%, que mostra que, é sim possível construir poder popular e dizer não ao fascismo e a democracia burguesa, e falar sim para a democracia ampla e a ditadura do proletariado. Com isso, a hashtag #Somos99% tem um caráter politizador e de representação de uma classe, mostrar que a nossa porcentagem não muda com trocas de governo e que no capitalismo esses 99% sempre estarão sendo explorados.
Novamente volto a dizer, isto não significa que devemos abrir mão da unidade de ação, mas que devemos estar politizando esse movimento antibolsonaro, não devemos achar que marxistas brotaram, devemos construir para que o nosso projeto cresça, e ele não crescerá se deixarmos de disputar e caminhar junto de inimigos da emancipação.
*Este artigo reflete as opiniões da autora e não necessariamente as do Esquerda Online. Somos um portal aberto às polêmicas da esquerda socialista.
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