No último dia 27, o governador João Doria apresentou o plano de retomada das atividades em todo o estado de São Paulo. Este plano prevê retorno gradual a partir do dia 1° de junho, de atividades que estavam restritas em função da pandemia da COVID19.
A chamada “quarentena inteligente” de João Dória estabelece algumas condições para a retomada, dentre elas a taxa de ocupação de leitos de UTI em cada cidade ou região do estado.
Acreditamos de essa retomada nada tem de inteligente e prepara o estado de São Paulo, em particular a sua capital, para o caos.
Em primeiro lugar, porque não existiu uma quarentena real. No dia 22 de abril, o próprio governador alegou que 74% da economia do estado continuou funcionando normalmente. Dória estabeleceu que uma série de atividades não essenciais eram essenciais, como as indústrias de insumos diversos, a construção civil, os call centers, todas as atividades bancárias e casas lotéricas.
Com isso, as taxas de isolamento social de 70% não foram atingidas em nenhum dia desde o estabelecimento da quarenta oficial no estado de São Paulo, a partir de 24/03.
A maior prova de que vivemos uma quarentena fake é o fato de a curva de contaminação e mortes pela Covid19 só ter aumentado. Não houve nenhum dia de trégua. Isso considerando os dados oficiais. Sem testes, o índice de subnotificação é grande. Também cresceu em quase 100 vezes, em São Paulo, a quantidade de mortes por síndrome respiratória.
O objetivo da quarentena e do isolamento social era exatamente inibir a contaminação crescente. Não atingindo esse objetivo, não faz o menor sentido recuar do pouco que já se vinha fazendo.
A retomada a partir de 1° de junho é gradual, porém, seu simples anúncio, somado à realidade de uma quarentena fake, já está levando muitas pessoas às ruas. Seja porque são obrigadas a irem trabalhar, uma vez que os empresários e patrões foram totalmente poupados pelo “gestor” do governo, seja porque milhares de trabalhadores informais e donos e pequenos negócios são conseguiram receber o auxílio emergencial e precisam sair às ruas em busca de sustento.
Nenhum pais do mundo iniciou a flexibilização de qualquer iniciativa de isolamento social com a curva ascendente
Nenhum pais do mundo iniciou a flexibilização de qualquer iniciativa de isolamento social com a curva ascendente como a que se encontra a do Brasil. Nesta semana que se encerra, São Paulo viveu o segundo dia com maior número de mortes durante todo o período da pandemia.
O anúncio da flexibilização já está impondo a retomada de todas as frotas de trens, ônibus e metrôs. O Secretário de Transportes Metropolitanos foi à TV dizer que o transporte público estava se organizando para isso.
São Paulo é uma cidade de mais de 12 milhões de habitantes. A superlotação do transporte público é inevitável, uma vez que seu fornecimento é muito inferior à demanda. Essa é uma realidade desde antes da pandemia e por isso configurou o transporte público como o segundo local com maior risco de contaminação, perdendo apenas para os hospitais.
O Metrô de São Paulo se prepara para uma retomada grande da quantidade de passageiros na próxima segunda feira. Como expressão disso, convoca trabalhadores pertencentes ao grupo de risco para voltarem aos seus postos, os submetendo ao risco de contaminação e morte.
Dória estabeleceu uma oposição midiática ao negacionismo do governo genocida de Bolsonaro. Mas agora, com uma roupagem um pouco diferente, reproduz a mesma política de morte para o povo paulista.
O povo de São Paulo se prepara para viver um verdadeiro caos. Sem nenhuma disposição de diálogo apresentada pelos governos e dirigentes das empresas públicas nos últimos dois meses, tudo caminha para somarmos mais mortos pela Covid19 e batermos novos mórbidos recordes mundiais.
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