Se estivesse vivo Malcolm X completaria 95 anos nesta terça, 19. Neste dia, João Pedro, um garoto de apenas 14 anos, foi deixado no IML. As datas são apenas uma coincidência, mas uma coisa é certa ambos morreram por serem pretos.
Infelizmente, João Pedro morava, assim como nós, em um país descaradamente racista que autoriza a polícia a matar pretos e pobres em nome de uma suposta “guerra às drogas”. Qualquer um que tenha o mínimo de consciência (nem precisa de muita) sabe que essa guerra é contra as negras e negros deste país.
O crime de João Pedro foi morar em uma cidade que possuí uma das polícias mais racistas do Brasil, a que mais assassina jovens negros. Nascer preto e pobre sentenciou João Pedro a morte.
A partir de um paralelo entre a morte de todos os Joões Pedros de nosso país com a crise sanitária que vivemos, enxergamos como a pobreza e a cor da pele são determinantes quando se escolhe quem vive e quem morre no Brasil.
A necropolítica é uma ação consciente do estado, que escolhe para quem governar. O bem estar do povo pobre e preto não é prioridade deste governo. Hoje o Brasil alcançou a triste marca de 17 509 mortos pelo novo coronavírus. É preciso entender que não são números, são pessoas que perderam suas vidas, são famílias que perderam um ente querido. A maioria que está morrendo por essa doença são moradores das periferias desse país, homens e mulheres pobres de corpos negros.
João Pedro morreu-não em decorrência da covid-19-pelas mãos da polícia, que supostamente deveria protegê-lo. É isso o que as comunidades mais pobres estão enfrentando: o medo de morrer nas mãos da polícia, de fome ou pelo coronavírus. Infelizmente, nenhuma novidade nisso tudo.
A família desse garoto hoje está sofrendo a pior dor que alguém pode sentir. As estatísticas produzidas pelo racismo ganham mais um número para tabular sobre o genocídio da população preta.
Nesse dia 19 de maio de 2020, é importante lembrarmos dos ensinamentos e da luta de Malcolm X contra o racismo e não esquecer que essa tal democracia não existe para quem é preto e de periferia. É muito importante, nesse momento de crise, lembrar que as armas contra o povo preto e pobre foram atualizadas e que não ser racista não basta é preciso ser antirracista.
#VidasNegrasImportam
#JoaoPredroPresente
*Flávia Andrade é militante do PSOL Suzano e da Resistência-PSOL.
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