Sob a justificativa de ampliar o isolamento social na cidade de São Paulo, que é epicentro da disseminação da Covid-19, o prefeito Bruno Covas estabeleceu uma nova regra de rodízio de carros, mais restritiva, que inviabiliza a circulação de metade dos carros da cidade.
Acreditamos que são necessárias mais medidas que contribuam para o isolamento, uma vez que o crescimento da doença está colocando o Brasil, com a cidade de São Paulo a frente, com as piores taxas de contaminação e mortes pela epidemia em todo o mundo. No entanto, o novo rodízio acaba por contribuir com a ampliação das aglomerações nos locais mais arriscados para contaminação, como é o transporte público. Segundo pesquisas, o transporte público só perde em risco para os hospitais.
Além disso, essa medida desloca a responsabilidade sobre a garantia da quarentena e do isolamento social. A maior parte das pessoas que saem de casa e não cumpre o isolamento social estão trabalhando, são obrigadas pelos seus patrões a trabalhar, mesmo em serviços não essenciais.
No dia 22/04, o governador João Dória afirmou que 74% da economia não parou em São Paulo. Esse dado é resultado da manutenção e permissão de que indústrias de insumos não essenciais, call centers, bancos, construção civil, casas lotéricas permaneçam funcionando.
Além disso, boa parte das pessoas que se deslocam são trabalhadores informais e donos de pequenos negócios, que não tem nenhum respaldo do Estado e do poder público para que possam ficar em casa. Precisam ir as ruas buscar sua forma de sustento.
Com isso, a determinação de que metade dos carros não podem circular, sem a obrigação de que vários setores da economia parem, é uma medida que não ajuda no isolamento social e promove mais focos de aglomeração nós ônibus, trens e metrôs.
*Camila Lisboa é coordenadora geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Comentários