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BRASIL

Pesquisa Atlas aponta aceleração do isolamento de Bolsonaro

Luiz Araújo*, de Brasília, DF

Depois de uma semana quente e eletrizante na política, duas pesquisas mostram sinais contraditórios. A pesquisa Datafolha, que foi feita na quinta e sexta, mostra que não teria ocorrido movimentações relevantes de aceitação do governo Bolsonaro. Seus resultados anteriores também já eram melhores do que os apontados pela pesquisa da Atlas.

Hoje saiu mais uma pesquisa da Atlas, feita quinta, sexta e sábado. E seus resultados aprofundam o quadro anterior, mostrando queda acentuada após crise com Sérgio Moro.

A própria pesquisa trouxe um link para questionamento que fizeram sobre possível erro amostral em pesquisas anteriores da Datafolha.

E o que essa nova pesquisa apresenta?

1 – Aceleração da queda de popularidade do Bolsonaro. A rejeição subiu de 41% para 49% e aprovação caiu de 26% para 21%. Queda também na avaliação regular. Como o instituto já mostrava esta tendência, o que ocorreu foi uma aceleração de migração de pessoas que haviam migrado primeiro para o Regular e agora passaram para o Ruim e Péssimo.

2 – Os dados sobre o olhar das pessoas sobre o episódio do final de semana mostra uma derrota de narrativa, pelo menos até sábado, do bolsonarismo. A concordância com a narrativa de interferência na PF havia sido assimilada por 72% dos entrevistados.

3 – Aumentou a percepção de que Bolsonaro pode não terminar seu mandato, aumentando também os favoráveis a um processo de impedimento. Parte dos que avaliam o governo como Regular migraram para essa posição, o que mostra que o derretimento ainda está em processo. A concordância com impeachment pulou de 48% para 54% e sua rejeição caiu de 45% para 37%.

4 – Falta de liderança que capitalize de forma nítida o desgaste de Bolsonaro explica a pulverização de pedidos e dificuldade de construção de uma unidade política contra ele até o momento. Dória e Maia são os que mais conseguiram melhorar sua avaliação, mas continuam com saldo negativo expressivo. Lula continua muito rejeitado e Ciro patina no mesmo patamar anterior. São os líderes da direita, puxados pela popularidade de Moro, lançado como candidato na sexta pelo JN, é que para onde te migrado parte do desgaste. Para não ser contaminado pelo desgaste de Lula, partidos em torno de Ciro mantém distância. E, sem certeza que vai decolar no momento, Maia prefere esperar o desgaste aumentar e suas boas ações legislativas serem vistas por mais gente.

 

 

Em resumo:

  1. A possibilidade do impeachment entrar na pauta política aumentou e pode se firmar se o desgaste desse último episídio continuar derretendo o governo. As movimentações para recompor uma base parlamentar via Centrão só duram enquanto isso for lucrativo, se o desgaste chegar a patamares maiores, desembarcam como fizeram com a Dilma. Os deputados do centrão possuem atuação parecida com a Bolsa, vendem e compram com grande facilidade.
  2. A unificiação da esquerda vai ser difícil, a menos que tenhamos um pedido por fora dos partidos e que todos o referendem, tipo OAB e CNBB. Unificar Ciro e Lula não vai acontecer. A decisão de se apoiar mutuamente, feita pelo PSB, PDT e Rede beirou o ridícula, mas pode ser  o cenário mais provável nesta semana.
  3. O STF vai ter papel decisivo nesse jogo, podendo barrar Ramagem ou se satiafazer em manter delegados no processo, o que nçao impede pressão por dentro da PF para ter acesso as investigações. 
  4. Maia continua em silência, desde quinta não acessa seu twitter, pode estar ocupado avaliando os estragos no casco de sua coalizão ou avaliando para onde migrar.

 

* Professor da UNB e ex-Presidente Nacional do PSOL.

* O artigo representa as opiniões do autor e não necessariamente as opiniões do Esquerda Online. Somos um portal aberto às polêmicas da esquerda socialista.

 

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Atlas+BR+042620