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BRASIL

Números da pandemia: Aumenta o ritmo de crescimento do número de mortes no Brasil, ao contrário dos demais países com mais de 1.500 mortes

Sistematização: Gilberto Calil

O quadro reúne os dados dos 15 países com mais de 1.500 mortes registradas. Incluímos também a Coréia do Sul, que já esteve entre os países com maior número de mortes e hoje é o 36º, sendo exemplo bem sucedido de controle da pandemia. O cálculo do ritmo de expansão é feito pelo número de mortos, já que o patamar de subnotificação dos casos no Brasil inviabiliza qualquer comparação que considere a evolução do número total de casos. Entendemos que o cálculo do ritmo de crescimento é mais revelador do que os números absolutos, tendo em vista que a expansão do Covid-19 se iniciou em momentos diferentes, o que é indicado na última coluna, que acrescentamos nesta atualização.

O ritmo de crescimento mundial (com todos os países, considerando sempre a variação em 14 dias) vem diminuindo de forma consistente. Há oito dias era de 2.47 vezes, há dois dias era 1.95 e agora está em 1,76. Nas três atualizações anteriores (que fazemos a cada dois dias), todos os países considerados no quadro tiveram diminuição no ritmo de expansão, o que expressa o êxito das políticas de isolamento social. No entanto, nesta atualização, o Brasil foi a exceção, aumentando o ritmo de crescimento do número de mortes, de 3.47 para 3.49. Embora o cres cimento percentual não seja expressivo, ele destoa da tendência mundial. Além disso, o Brasil as mortes no Brasil seguem crescendo a um ritmo que é praticamente o dobro da média mundial). Mais grave ainda, o país teve um crescimento de quase 50% no número de mortes nos últimos 4 dias, o mais elevado entre todos os países.

É importante considerar que os números mortes de hoje são resultado de contaminações ocorridas há duas ou três semanas, e portanto o relaxamento das medidas de isolamento (que sabemos que ocorreram no caso brasileiro) não se expressam de forma imediata, e parece bastante nítido que o recrudescimento do ritmo de crescimento do número de mortes no Brasil nos últimos dias é consequência do relaxamento do isolamento social.

Dentre os 16 países considerados, o Canadá é o único que segue com ritmo de crescimento ainda maior que o Brasil, mas nos últimos dias tem tido uma clara redução (menos de 30% de aumento nos últimos quatro dias). Os Estados Unidos permanecem com um índice muito alto, considerando-se a base já elevadíssima, e tem tido diariamente um terço do total de novos casos e um terço do número de mortos do mundo. Itália e Espanha reduzira m bastan te o índice de aumento das mortes, mas ainda têm números elevados em razão da base alta que já tinham. No período, o número médio de mortes por dia foi de 2.116 nos EUA, 532 na Itália, 427 na Espanha e 218 no Brasil.

O número de testes realizados no Brasil segue vergonhosamente muito baixo (1.374 testes por milhão de habitantes). O segundo país com menos testes (Irã), realiza 3.55 vezes mais testes por milhão de habitantes (4.882) Alemanha, Itália. Espanha e Suíça, por sua vez, fazem em torno de 20 vezes mais testes que o Brasil  (acima de 25.000 por milhão).

O ritmo de crescimento do número de mortes no Brasil, a despeito da enorme subnotificação e da demora nos resultados dos exames, segue elevadíssimo. Se por hipótese considerarmos que este ritmo se mantenha-se o mesmo (3.49 vezes em 14 dias), o número de mortes no Brasil atingiria 14.905 em 10/5, 52.021 em 18/5 e 181.554 em 5.6. Não se trata de uma previsão, mas de projeção do que ocorreria no caso de manutenção do atual ritmo. Um pequeno aumento ou uma pequena diminuição no percentual produz um grande efeito em cascata nos números, o que reforça a importância da manutenção das medidas protetivas.