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BRASIL

A esquerda deve lutar agora para derrubar Bolsonaro

Rodrigo Cláudio “Bocão”, de São Paulo, SP
Reprodução

Bolsonaro atravessou uma linha que não é possível voltar na sua estratégia golpista, ao participar da manifestação pela intervenção militar neste domingo. Está mobilizando sua base de massas na pequena burguesia e setores médios para um “golpe” que o sistema político estaria preparando contra ele. É evidente a radicalização desse setor minoritário da população, disposta a defender qualquer medida autoritária do governo. As carreatas da morte, as pessoas ajoelhadas nos quartéis, as provocações nas praias são parte dessa ação política de mobilização de caráter neofascista. O maior erro da esquerda agora é subestimar Bolsonaro, sua capacidade de mobilização e sua influência nos aparelhos militares no país.

Desde a noite de domingo ocorreram diversas manifestações de parlamentares, personalidades da sociedade civil, membros do STF, editoriais da grande mídia condenando a participação de Bolsonaro na manifestação pedindo a volta do AI-5. Todas vão no sentido da defesa da democracia e das instituições do regime contra os anseios golpistas de Bolsonaro. São manifestações muito importantes, mas evidentemente insuficientes perante a gravidade da situação.

Emblemática foi a declaração no twitter do Presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia depois dos acontecimentos de ontem. Condenou a retórica golpista, defendeu o estado democrático de direito e colocou como centro do parlamento o combate a pandemia do coronavírus. Esse mesmo caminho foi seguido pelos ministros do STF Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso. A carta dos governadores indica esse mesmo caminho. Nenhuma ação concreta sobre as ações conspirativas e criminosas de Bolsonaro.

Começamos essa segunda-feira, 20, com uma aparente declaração de “recuo” de Bolsonaro. Depois de tudo que vimos desde 15 de março não é possível acreditar nisso. A pergunta que fica é qual será a postura do parlamento brasileiro, do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria Geral da República nessa semana decisiva.

Tudo indica que Rodrigo Maia e David Alcolumbre vão se limitar a declarações de defesa do parlamento e da democracia em abstrato. O mesmo caminho deve ser feito pela PGR e STF. Isso significa fechar os olhos para os inúmeros crimes de responsabilidade, fraudes eleitorais, manifestações contra a constituição, política genocida na crise do coronavírus e “sentar em cima” das notícias-crime que estão na PGR, os vários pedidos de impeachment que já se encontram na Câmara de deputados e o judiciário ignorar a máquina criminosa de fake news da milícia neofascista bolsonarista. A docilidade com que o centro político e as instituições respondem a Bolsonaro tem a ver com a manutenção da tática do desgaste, pensando nas eleições de 2022.

A esquerda brasileira não pode se curvar sob a liderança de Rodrigo Maia e aceitar que nenhuma medida enérgica seja tomada contra o governo golpista de Bolsonaro. O momento de derrubada do governo Bolsonaro é agora ou isso vai custar milhares de vidas da população brasileira. A continuidade ou não desse governo passa a ser o elemento central da luta política inclusive para avançarmos, ou não no combate ao Covid-19.

O PCdoB votou no seu Comitê Central desse mês de março a formação de uma “Frente de salvação nacional” a partir da constatação do crescimento dos setores de oposição ao governo Bolsonaro. Defendem “a necessidade de um líder equilibrado para unir o povo e respeitar as instituições”. Coerente com essa decisão, Orlando Silva defendeu já na noite do domingo em rede social tática política semelhante à Maia descartando medidas como impeachment para a saída de Bolsonaro. O PCdoB escolhe o caminho de entregar a liderança da oposição para Rodrigo Maia com a tática da frente ampla. Esse é um grave erro e pode ser um golpe mortal para a esquerda brasileira.

Defendemos um caminho oposto, PSOL, PT e PCdoB têm responsabilidade por serem partidos de esquerda com representação parlamentar. É dever agora pressionar tanto Maia como os parlamentares do centrão pela derrubada do governo Bolsonaro, fazendo luta nas redes e nas mídias para colocar fim ao governo. É decisivo para isso a esquerda não aderir à estratégia de Maia como também superar a fragmentação numa tática concreta que instrumentalize o Fora Bolsonaro seja via impeachment, por meio da cassação da chapa no TSE ou outra forma jurídico-política disponível.

 

#DitaduraNuncaMais

#ForaBolsonaroEMourao

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