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BRASIL

Não estamos de mãos atadas!

Resistência/PSOL São Paulo

Enquanto passam os dias a situação de nossa classe fica cada dia mais difícil. A angústia e a incerteza em relação ao futuro é potencializada frente a situação dramática vivida no presente. A fome, o desemprego, cortes de salário, o assédio, a violência doméstica, a repressão do Estado se fazem presentes de forma cada vez mais avassaladora. 

Para muitos trabalhadores em nosso país, especialmente negros e negras, mulheres, moradores das periferias, essa já é a realidade cotidiana há muito tempo nos lugares em que o Estado se faz presente apenas como força policial. Agora, os impactos nefastos dessa realidade aumentam a cada dia. 

Mas, há outro aspecto da vida cotidiana dos trabalhadores que também deve ser valorizado nesse momento, a solidariedade de classe. 

Nas periferias e comunidades são dezenas de exemplos de organizações que tem como objetivo a ajuda mútua, a auto-organização e luta por melhores condições de vida e que são fundamentais para os embates diários de nossa classe. É esse o caso dos cursinhos populares, que surgiram para garantir que os jovens periféricos possam realizar o sonho de entrar no ensino superior, as associações de moradores, que organizam mutirões, cursos profissionalizantes e também são espaços para festas e confraternizações. E também é esse o papel que cumprem muitas igrejas e outros movimentos no local de moradia desse trabalhadores. 

Os sindicatos também surgiram pelo mesmo motivo, com a diferença que sua atuação se concentra nas demandas da produção, do trabalho. 

No mesmo sentido, é com esse propósito, de luta pela auto-organização da classe e por melhores condições de vida que devem servir as organizações políticas revolucionárias. Sendo que estas últimas se diferenciam fundamentalmente por apresentarem programas que ultrapassem as demandas imediatas e de cada categoria ou bairro e as conectem com as demandas estratégicas da luta dos trabalhadores pelo poder.    

Nos últimos anos, de retrocesso geral na consciência e na organização da classe, muitas dessas organizações comunitárias foram tomadas por ONG’s e atravessadas pela ideologia do assistencialismo que, embora ajudem os que precisam, tem um outro objetivo fundamental. 

Permitem, sobretudo, negócios lucrativos para grandes empresas que negociam abatimento em tributos e reforçam a ideia de responsabilização dos indivíduos sobre os problemas sociais causados pelo sistema capitalista.

Entre muitos sindicatos e organizações esse retrocesso também é sentido na burocratização, no afastamento de suas relações com as demandas populares e na dispersão que faz com que seja difícil articular ações que tenham impacto de forma unitária. 

Em um momento de crise, o tempo histórico se acelera em uma dimensão por vezes incompreensível e o desafio de resistir e nos fortalecer frente as dificuldades fica muito grande.

Para resistir todo o ativismo da esquerda precisa estar consciente de suas tarefas e se colocar em movimento. 

Hoje essas tarefas são a luta incessante contra os ataques dos governos e patrões que tendem a se acentuar e uma luta igualmente feroz por fortalecer as associações de ajuda mútua e a confiança na força coletiva a partir da solidariedade em relação à fome, higiene, EPI’s, garantias de acessar os benefícios de ajuda emergencial, etc…

É fundamental que toda organização revolucionária se dedique a estabelecer e aprofundar relações com os movimentos comunitários, que façamos demonstrações práticas de que a esquerda pode se renovar e ser ferramentas úteis para a organização das demandas populares mais urgentes. 

Além disso, nos diferenciamos das ações assistencialistas porque nossas ações são coletivas e visam o fortalecimento dessas entidades de frente única, dos sindicatos, associações de moradores e outras formas de organização que possam existir e surgir fruto desse processo. Sobretudo nosso objetivo é fortalecer a ideia de que a classe tenha confiança em suas próprias forças. Nesse sentido, não se trata apenas do que fazemos, mas especialmente, com quem fazemos. 

Devemos ter claro que nosso objetivo enquanto esquerda deve ser a disputa de consciência para as demandas estratégicas dos trabalhadores frente aos ataques que se apresentam de forma cada vez mais cruel. Mas, para realizar esse objetivos a nossa vocação é em nos transformarmos em pontes para essas reivindicações partindo do que são as demandas concretas. 

Resguardando a proteção de cada ativista, usando EPI’s e outras ações para a preservação da saúde está na ordem do dia articular redes para ampliar, divulgar e criar as mais diversas ações de solidariedade. 

Nenhuma ação deve ser desprezada nesse terreno, é fundamental que todos se envolvam e ajudem como puderem.

Entre os professores da rede estadual estamos transformando as sub-sedes da APEOESP em centros de arrecadação e recolhimento focados, inicialmente, na assistência aos professores eventuais que ficarão sem salários e nas terceirizadas que foram demitidas. Temos iniciativas na Lapa, São miguel e Santo Amaro na cidade de São Paulo e em Osasco e Suzano também. 


Além disso, vários militantes organizaram vaquinhas em suas próprias escolas para auxiliar as famílias dos estudantes que estão passando necessidades. Foi a partir dessa iniciativa que os professores municipais começaram uma vaquinha online para arrecadar dinheiro para comprar mais cestas básicas para as famílias dos estudantes e já distribuíram em alguns locais. 

Essas iniciativas devem se desenvolver ainda mais nas próximas semanas e convidamos todos a somarem forças nessa tarefa. Listamos abaixo algumas iniciativas de doações que estão sendo feitas em nossa cidade:

Marcado como:
Solidariedade