A pandemia da Covid-19 avança no mundo, ceifando vidas num número cada vez maior, aprofundando seriamente a crise econômica e colocando num horizonte próximo terríveis consequências sociais para a maioria. No dia 9 de abril, acordamos com as notícias de que no mundo cerca de 1,5 milhão de pessoas foram oficialmente contaminadas pelo novo coronavírus, e quase 90 mil já perderam suas vidas.
No momento, existe uma situação gravíssima em vários países ricos, do chamado “primeiro mundo”, como os EUA, Itália, Estado Espanhol, França e Reino Unido. Entretanto, a América Latina não escapa das graves consequências da pandemia. Aqui há casos que já são considerados muito graves, como Panamá e Equador (que vive uma tragédia de grandes proporções, especialmente na região de Guayaquil).
Nosso país já sofre também diretamente os efeitos cruéis de uma maior disseminação da Covid-19. Até o dia 8 de abril, segundo dados oficiais, mais de 800 brasileiros já morreram e cerca de 16 mil estão contaminados. Nos dois últimos dias, o Brasil bateu sucessivamente o seu próprio recorde de número de mortos, com perdas de vidas acima de 100 pessoas. Já existe uma perigosa curva de crescimento, tanto no número de contaminados como de mortos. Situação similar que também foi vivida em países que hoje estão numa gravíssima crise sanitária e de saúde pública.
Portanto, nossa situação já exige um aprofundamento das medidas tomadas até agora. Especialmente, o estabelecimento de um efetivo isolamento social, que hoje é observado apenas em cerca de 50% da movimentação da população (com muita variação regional) e que, segundo especialistas, precisaria chegar no mínimo a 70%, nos próximos dias e semanas, para evitar um cenário dramático. Caso o isolamento social não seja de fato garantido, podemos ver se repetir no Brasil um cenário ainda pior do que aparece nas avaliações produzidas pelo Ministério da Saúde.
É evidente que apenas o isolamento social não basta. É preciso maiores e imediatos investimentos na saúde pública, com a garantia de que grande parte da população seja realmente testada, que os profissionais de saúde tenham garantido o acesso necessário e urgente aos equipamentos de proteção individual (EPIs), a produção em larga escala de respiradores mecânicos, a ampliação de leitos de UTI, entre outras medidas.
No mesmo sentido, é necessário alargar e garantir um sistema proteção social que precisa ir além da atual renda mínima, que aliás, apesar da gravidade da situação, ainda demora chegar efetivamente na ponta. Ou seja, aos desempregados, precarizados e aos mais pobres das periferias brasileiras. Da mesma forma, é preciso garantir a estabilidade no emprego e a preservação dos salários e dos direitos dos trabalhadores de carteira assinada.
Sem efetivas e consequentes medidas de proteção social é uma grande hipocrisia falar em ampliação do isolamento social, às custas da fome e do desespero de um número cada vez maior de trabalhadores. As verbas públicas necessárias para garantir a ampliação dos investimentos na saúde e na proteção social, devem vir da sobretaxação dos lucros das grandes empresas, bancos e das grandes fortunas.
Inclusive, uma iniciativa corretíssima foi o lançamento, pela Auditoria Cidadã, de um abaixo-assinado eletrônico propondo a imediata suspensão do pagamento dos juros e encargos da dívida pública. Apenas esta medida poderia gerar cerca de R$ 1 trilhão para novos investimentos sociais. Afinal, quem deve pagar pela crise são os banqueiros e os grandes milionários, e não a maioria do povo.
Para salvar vidas: #ForaBolsonaro
Na contramão absoluta da necessidade de ampliar o combate a pandemia, o presidente da república voltou a fazer um pronunciamento em cadeia nacional, no dia 8 de abril, onde minimizou os efeitos da Covid-19 em nosso país, seguiu relativizando a necessidade da ampliação do isolamento social e prometeu curas fáceis de sempre. Enfim, com um tom um pouco mais ameno, segue com uma postura criminosa diante dos graves perigos que nos assolam.
Inclusive, pelo que vem sendo noticiado nos últimos dias, Bolsonaro, com apoio da cúpula dos militares (que hoje manda como nunca no governo), impôs ao Ministério da Saúde uma flexibilização dos já insuficientes critérios para o necessário isolamento social. E, como já era de se esperar, o atual ministro da Saúde, Henrique Mandetta, um político da direita tradicional e inimigo do financiamento público do SUS, diante da ameaça de demissão, se dobrou às ordens do presidente. E, já afirmou, na imprensa, que Bolsonaro é o “chefe do time”.
Ao invés de priorizar a defesa das vidas dos brasileiros, Bolsonaro segue mais preocupado em garantir os lucros. Por isso, prioriza o auxílio para as grandes empresas, enquanto flexibiliza ainda mais os direitos trabalhistas, via principalmente a Medida Provisória 936, e autoriza até a diminuição de salários. Em mais uma demonstração inequívoca de que governa para os 1% mais ricos e poderosos.
Portanto, a prioritária defesa da vida da maioria, garantindo às mínimas condições sociais e econômicas para um efetivo isolamento social e a ampliação do sistema de saúde pública, é inseparável da luta por derrubar o governo de Bolsonaro.
De fato, não podemos esperar nada de progressivo vindo deste governo hegemonizado por um projeto de extrema direita neofascista. Que segue com seu projeto reacionário de destruição de direitos sociais e ameaça às liberdades democráticas. #DitaduraNuncaMais
Neste sentido, é um grande acerto a publicação do Manifesto conjunto “Salvar vidas e não os lucros: Fora Bolsonaro”, encabeçado pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, espaços que unem uma parte considerável dos mais importantes movimentos sociais brasileiros e das organizações da esquerda.
Uma verdadeira frente única da esquerda e dos explorados e oprimidos deve avançar também na discussão sobre a necessidade de lutarmos de forma consciente por derrubar este governo neofascista de conjunto. Associando a bandeira do Fora Bolsonaro à luta contra toda e qualquer possibilidade de uma posse do vice-presidente, general Hamilton Mourão, outro expoente do projeto neofascista brasileiro, propondo a antecipação de eleições presidenciais realmente livres e democráticas.
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