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BRASIL

Os profissionais de saúde precisam de condições para salvar vidas

Basta de apenas esperar e cobrar deste governo. É preciso voltar as universidades e centros de pesquisa para o combate à pandemia, produzindo EPIs, insumos, equipamentos e pesquisando medicamentos e formas de combater o vírus

Cintia Teixeira*, do Rio de Janeiro, RJ
Agência Brasil

O combate à pandemia de coronavírus tem que estar a serviço de salvar vidas, proteger os profissionais de saúde e fortalecer o mercado nacional, colocando nossas instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão a serviço da população.

Esse é um governo que tentou desqualificar instituições como a Fiocruz (a mesma que hoje sedia o centro da pesquisa no combate ao COVID19), o IBGE e as Universidades e que trata os servidores públicos como “parasitas” e “vagabundos”. É um governo que é resultado de um golpe, que permitiu que se intensificasse radicalmente a politica de austeridade para a Seguridade Social e para o desmonte do nosso Sistema Único de Saúde, através da Emenda Constitucional 95 e de Portarias que previam o desfinanciamento e submeteu o SUS à Lei de Responsabilidade Fiscal. O resultado foi o agravamento das desigualdades sociais, o aumento da extrema pobreza, levando a grande maioria dos brasileiros á insegurança alimentar e nutricional, consequentemente o retorno e agravamento de doenças já erradicadas no Brasil.

No meio dessa barbárie política, estão os profissionais de saúde, no combate a pandemia. Esperando agilidade do gestor público na compra dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). Para proteger do novo coronavírus, é necessário seguir especificações de uso dos EPIs e de Procedimento Operacional, também no descarte. Exemplos: a cada manipulação em um paciente com COVID-19, é necessário trocar o capote, e este deve ser impermeável. Caso se faça algum procedimento invasivo, deve-se usar no mínimo quatro EPIs de membros superiores, como máscaras N95, cirúrgica, touca, óculos e protetor facial, além do capote de manga longa, duas luvas e sapatilhas.

Nessa conjuntura de pandemia, há total escassez e dificuldade de compra desses EPIs, o que vai piorar, pois o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acaba de passar a perna no atleta Bolsonaro, ficando com equipamentos que viriam para o Brasil. Basta ver a quantidade de aviões enviados pelos Estados Unidos para a China para buscar materiais de combate a pandemia. Sem falar no absurdo confisco de uma compra de 600 respiradores vindos da China para o Brasil, comprados pelo governo da Bahia, e que foram retidos em Miami.

O mercado está triplicando o valor desses itens. Estando nossa economia estagnada, e com iminente entrada em colapso da rede de saúde, o que os governos deveriam fazer? Depender do grande capital para o fornecimento dos EPIs para nossos profissionais? Ou criar um politica econômica que incentive nossa produção nacional, nossa tecnologia, que apoie as pesquisas que pulsam em nossas instituições acadêmicas?

Mas independentemente do governo, várias instituições já tomaram a dianteira, como a UFF, que está produzindo o equipamento protetor facial para os profissionais do HUAP. E assim existem vários outros exemplos. Nossos cursos de engenharia, biomedicina, arquitetura, cursos técnicos como CEFET, etc

Não podemos depender do governo. Temos que agir, fazer toda a produção de conhecimento de nossas instituições acadêmicas estar a serviço, junto com os profissionais de saúde, reafirmando a unidade da classe para colocar em xeque toda a política de austeridade do grande capital.

Na defesa dos nossos profissionais de saúde que já estão morrendo, amigos entubados por irresponsabilidade dos governantes, vamos nós, mostrar que a academia está a serviço do povo e não do capitalismo.

 

 

* Cintia Teixeira é nutricionista, participa do movimento Nenhum Serviço de Saúde a Menos, é militante da Resistência/PSOL e assessora no mandato do deputado estadual Flavio Serafini (PSOL).