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Em meio a pandemia, Trump envia navios de guerra para perto da Venezuela

Imperialismo estadunidense ameaça mais uma vez a soberania do país. Trump, Bolsonaro e Duque, tirem as mãos da Venezuela!

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

Nesta semana, o governo dos EUA lançou mais duas inciativas que visam tentar novamente desestabilizar o governo legítimo da Venezuela. Uma ação oportunista e criminosa, tentando se aproveitar da situação de graves problemas sociais que passa o povo venezuelano, principalmente devido ao bloqueio econômico em que sofre, e agravado pelas consequências pandemia da Covid-19.

Estas medidas passam por cima da grave situação gerada pela pandemia do novo Coronavírus, que vivemos atualmente no mundo, com recordes de casos de contaminação e de mortos, inclusive no próprio EUA. Trump demonstra que coloca a destruição do processo bolivariano acima até da preservação da vida da maioria das populações do nosso Continente.

Uma semana depois de divulgar um absurdo prêmio em dinheiro (15 milhões de dólares) por informações que levem à prisão do presidente Maduro, além de prêmios relativos a outras lideranças do governo venezuelano, Trump em pessoa divulgou, em coletiva na Casa Branca, que enviará navios, aviões e tropas especiais estadunidenses, supostamente para patrulhar regiões próximas à Venezuela. A desculpa esfarrapada segue a mesma, um pseudo combate ao narcotráfico.

Na véspera, o secretário de estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou também mais uma manobra farsante apelidado de plano de transição democrática para a Venezuela. Mais uma ação golpista, que tem a pachorra de defender novas eleições no importante país sul-americano, proibindo a participação de do atual presidente Maduro no tal pleito eleitoral.

Em contrapartida, os EUA oferecem – em caso de aceitação de sua proposta absurda – uma suspensão das brutais sanções econômicas que estão impondo a Venezuela nos últimos anos e, pasmem, que Juan Guaidó, um golpista de extrema direita cada vez menos prestigiado pelos venezuelanos, também não disputaria esta tal eleição fraudulenta. Uma vergonha.

Com certeza, este plano imperialista é mais uma variante golpista que infelizmente costumamos a assistir novamente na América Latinha, como vimos, recentemente, no golpe de estado desferido pela direita e a extrema direita na Bolívia, com o apoio da Organização para os Estados Americanos (OEA), entidade marionete nas mãos do imperialismo estadunidense.

O que realmente está em jogo?

De fato, não precisa ser um apoiador político do governo Maduro para entender o que está em jogo na Venezuela, nos últimos anos. A luta em território venezuelano não é, definitivamente, entre um “democrático” Trump X um “ditador” Maduro.

Inclusive, nunca foi um problema para os EUA apoiar por anos ditadores sanguinários, não só num passado recente na América Latina, como atualmente no caso do seu apoio esfuziante a Monarquia da Arábia Saudita, uma aliada de sempre dos interesses estadunidense na região do Oriente Médio.

O que está em jogo são os interesses econômicos estadunidenses, especialmente de voltar a controlar diretamente as reservas minerais venezuelanas, especialmente de petróleo e gás, além de outras riquezas naturais do país. Mas, para além de interesses econômicos, existem razões políticas fundamentais.

Em momento de intensificação de um conflito geopolítico entre as principais potências mundiais, inclusive com uma cada vez maior guerra comercial, a Venezuela tem sido uma aliada dos interesses russos e chineses na região, justamente os países que mais possuem atritos econômicos e geopolíticos com os EUA.

Entretanto, há uma razão política ainda mais de fundo. O processo bolivariano transformou a Venezuela em um país politicamente independente do imperialismo estadunidense, uma conquista que foi um fruto vivo e direto das lutas heroicas e da organização do povo trabalhador venezuelana.

Para Trump e o imperialismo dos EUA é urgente acabar com este exemplo de luta e resistência popular. Apesar das críticas que se possa ter e dos evidentes limites políticos e programáticos do processo bolivariano, é urgente identificar que ele transformou em uma verdadeira “pedra no sapato” dos interesses imperialistas estadunidenses na região.

Bolsonaro de joelhos diante de Trump, mais uma vez

Alan Santos / PR/Agência Brasil
Jair Bolsonaro, em bilateral com Trump. Foto: Alan Santos / PR

Sem causar nenhuma surpresa, o governo neofascista de Bolsonaro, ao lado do governo colombiano de Duque, foi um dos primeiros a anunciar o apoio incondicional ao tal plano golpista de transição de Trump para a Venezuela.

A Colômbia e o Brasil são hoje os principais aliados de Trump em suas sucessivas agressões aos interesses e a soberania da Venezuela. Justamente, Duque e Bolsonaro, tentam liderar governos subordinados, agora agrupados em um tal Grupo de Lima, bloco de países alinhados diretamente aos interesses dos EUA na América Latina.

O papel vergonhoso de lacaio que o governo brasileiro vem jogando nas questões relativas a Venezuela, aumenta ainda mais a responsabilidade das organizações de esquerda e dos movimentos sociais combativos brasileiros. A luta em defesa da soberania da Venezuela precisa ser de fato encarada como uma luta de todos e todas nós.

Neste momento, precisamos denunciar com toda a importância o envio de novas tropas militares dos EUA para regiões próximas as fronteiras da Venezuela, além de desmascarar por completo a farsa deste tal plano de transição, que na verdade é mais um golpe contra o um governo legítimo da região, como foi no caso de Fernando Lugo, no Paraguai; Manuel Zelaya, em Honduras; Dilma Rousseff, no Brasil; e Evo Morales, na Bolívia.

Precisamos compreender que os destinos dos povos latino-americanos estão atados a luta em defesa da soberania venezuelana. Se Trump se sai vitoriosa e derrota o processo bolivariano, estará mais forte para impor de forma ainda mais brutal o verdadeiro plano de recolonização da América Latina. Portanto, lutar em defesa da soberania venezuelana, é lutar, na verdade, de conjunto contra a sanha imperialista dos EUA de ampliar a já excessiva rapina que realiza em nossa região.

 

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