Petroleiros exigem que a Petrobrás reduza as atividades ao essencial

Em carta aberta à população, petroleiros se comprometem em manter o abastecimento de combustível, mas denunciam irresponsabilidade da empresa, que favorece a transmissão do coronavírus


Publicado em: 24 de março de 2020

Brasil

Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Brasil

Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Ouça agora a Notícia:

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO 

Nós, petroleiros e petroleiras da PETROBRÁS estamos mais do que nunca comprometidos com o abastecimento do país. Somos nós que trabalhamos dia e noite em escalas exaustivas, em locais perigosos e insalubres, muitas vezes confinados em plataformas em alto mar longe das nossas famílias para garantir que o diesel, a gasolina e o gás cheguem até o povo brasileiro. Carregamos a bandeira do Brasil no nosso uniforme e muito nos orgulha prestar esse serviço essencial de Norte a Sul do país.

Diante da pandemia do coronavírus, nos colocamos à disposição para o combate e para buscar formas de seguir trabalhando sem nos transformar em vetores de transmissão do vírus, nem comprometer a saúde e a segurança dos nossos colegas, famílias e comunidade. Nesse sentido, várias propostas foram feitas e não houve qualquer negociação por parte da direção da empresa.

Viemos a público denunciar que a política do Bolsonaro e dos seus subordinados a frente da empresa é totalmente IRRESPONSÁVEL. Estão se negando a reduzir as atividades da empresa ao essencial para manter ambulâncias, hospitais, alimentos, remédios, o botijão de gás, ou seja, o que é essencial para o povo. Com a quantidade de pessoas que ainda circulam sem necessidade pela empresa podemos ser vetores de transmissão, além da hipótese de provocar um adoecimento generalizado que inviabilizaria a continuidade operacional.

Além disso, entendemos que a PETROBRÁS, como empresa estatal, nesse cenário de crise humanitária, deve cumprir com sua responsabilidade social. O lucro da empresa até agora foi gigantesco e agora o país precisa da empresa para enfrentar essa crise. A importância de ter uma empresa estatal com produção nacional é justamente essa: poder resistir a um cenário de crise global garantindo as necessidades básicas da população. Uma medida importante que pode ser feita pela empresa é subsidiar o botijão de gás. A PETROBRÁS tem que ser do povo brasileiro permitindo um país soberano respeitando quem faz tudo acontecer, quem produz: o trabalhador.

É desumano e absurdo, portanto, que a PETROBRÁS demita nesse cenário de crise. Hoje ela emprega mais de 100 mil terceirizados que se vêem agora ameaçados pela redução das atividades. A PETROBRAS deve manter os contratos e pagamentos indicando que as empresas deem licença remunerada ou quarentena aos terceirizados, impedindo que estas empresas e estes trabalhadores sejam prejudicados ou sejam expostos ao coronavírus. No mais, a empresa extrapolou todos os limites quando demitiu (por telefone) e suspendeu trabalhadores que participaram da última greve petroleira em meio a essa crise social e econômica, aplicando punições à revelia do acordo firmado na Justiça do Trabalho. É um ataque à democracia e, mais que isso, é uma profunda covardia e desumanidade.

Por isso tudo, defendemos:

1.  Parada imediata de todas as atividades não essenciais e negociação com as Federações de Petroleiros do contingente mínimo para garantir os serviços à população, à segurança e saúde dos trabalhadores e à comunidade, ao abastecimento nacional e à continuidade operacional no pós crise.

2.  Garantir todas as medidas de prevenção nas unidades da PETROBRÁS : EPI, álcool gel, etc.

3.  Subsídios ao gás de cozinha e distribuição subsidiada do gás – Isso é essencial. Com o preço atual muita gente pode morrer de fome num cenário em que haverá uma diminuição brutal das atividades econômicas, com aumento do desemprego e falta de renda.

4.  Fim do PPI (Preço de Paridade de importação) e das privatizações – Nós produzimos no Brasil. Nossos preços devem considerar o custo local e não se regular pelo dólar e pela importação. Essa política tem prejudicado caminhoneiros e sociedade em geral. Só serve para beneficiar empresas estrangeiras e favorecer a venda das nossas refinarias e do patrimônio nacional a preço de banana.

5.  Nenhuma demissão, nem corte de salários . – Além de desumano, isso é temerário por tornar ainda mais frágil a economia do país.

6.  Nenhuma punição aos grevistas. – Reintegração imediata dos demitidos, reversão das suspensões e advertências.

Caso não haja negociação, diante da profunda IRRESPONSABILIDADE da gestão da PETROBRÁS, os trabalhadores serão obrigados a discutir a retomada da greve petroleira agora para a preservação da saúde da sociedade e dos trabalhadores e reversão das desumanas punições.

Federação Nacional dos Petroleiros – FNP


Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição