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BRASIL

Petroleiros exigem que a Petrobrás reduza as atividades ao essencial

Em carta aberta à população, petroleiros se comprometem em manter o abastecimento de combustível, mas denunciam irresponsabilidade da empresa, que favorece a transmissão do coronavírus

Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO 

Nós, petroleiros e petroleiras da PETROBRÁS estamos mais do que nunca comprometidos com o abastecimento do país. Somos nós que trabalhamos dia e noite em escalas exaustivas, em locais perigosos e insalubres, muitas vezes confinados em plataformas em alto mar longe das nossas famílias para garantir que o diesel, a gasolina e o gás cheguem até o povo brasileiro. Carregamos a bandeira do Brasil no nosso uniforme e muito nos orgulha prestar esse serviço essencial de Norte a Sul do país.

Diante da pandemia do coronavírus, nos colocamos à disposição para o combate e para buscar formas de seguir trabalhando sem nos transformar em vetores de transmissão do vírus, nem comprometer a saúde e a segurança dos nossos colegas, famílias e comunidade. Nesse sentido, várias propostas foram feitas e não houve qualquer negociação por parte da direção da empresa.

Viemos a público denunciar que a política do Bolsonaro e dos seus subordinados a frente da empresa é totalmente IRRESPONSÁVEL. Estão se negando a reduzir as atividades da empresa ao essencial para manter ambulâncias, hospitais, alimentos, remédios, o botijão de gás, ou seja, o que é essencial para o povo. Com a quantidade de pessoas que ainda circulam sem necessidade pela empresa podemos ser vetores de transmissão, além da hipótese de provocar um adoecimento generalizado que inviabilizaria a continuidade operacional.

Além disso, entendemos que a PETROBRÁS, como empresa estatal, nesse cenário de crise humanitária, deve cumprir com sua responsabilidade social. O lucro da empresa até agora foi gigantesco e agora o país precisa da empresa para enfrentar essa crise. A importância de ter uma empresa estatal com produção nacional é justamente essa: poder resistir a um cenário de crise global garantindo as necessidades básicas da população. Uma medida importante que pode ser feita pela empresa é subsidiar o botijão de gás. A PETROBRÁS tem que ser do povo brasileiro permitindo um país soberano respeitando quem faz tudo acontecer, quem produz: o trabalhador.

É desumano e absurdo, portanto, que a PETROBRÁS demita nesse cenário de crise. Hoje ela emprega mais de 100 mil terceirizados que se vêem agora ameaçados pela redução das atividades. A PETROBRAS deve manter os contratos e pagamentos indicando que as empresas deem licença remunerada ou quarentena aos terceirizados, impedindo que estas empresas e estes trabalhadores sejam prejudicados ou sejam expostos ao coronavírus. No mais, a empresa extrapolou todos os limites quando demitiu (por telefone) e suspendeu trabalhadores que participaram da última greve petroleira em meio a essa crise social e econômica, aplicando punições à revelia do acordo firmado na Justiça do Trabalho. É um ataque à democracia e, mais que isso, é uma profunda covardia e desumanidade.

Por isso tudo, defendemos:

1.  Parada imediata de todas as atividades não essenciais e negociação com as Federações de Petroleiros do contingente mínimo para garantir os serviços à população, à segurança e saúde dos trabalhadores e à comunidade, ao abastecimento nacional e à continuidade operacional no pós crise.

2.  Garantir todas as medidas de prevenção nas unidades da PETROBRÁS : EPI, álcool gel, etc.

3.  Subsídios ao gás de cozinha e distribuição subsidiada do gás – Isso é essencial. Com o preço atual muita gente pode morrer de fome num cenário em que haverá uma diminuição brutal das atividades econômicas, com aumento do desemprego e falta de renda.

4.  Fim do PPI (Preço de Paridade de importação) e das privatizações – Nós produzimos no Brasil. Nossos preços devem considerar o custo local e não se regular pelo dólar e pela importação. Essa política tem prejudicado caminhoneiros e sociedade em geral. Só serve para beneficiar empresas estrangeiras e favorecer a venda das nossas refinarias e do patrimônio nacional a preço de banana.

5.  Nenhuma demissão, nem corte de salários . – Além de desumano, isso é temerário por tornar ainda mais frágil a economia do país.

6.  Nenhuma punição aos grevistas. – Reintegração imediata dos demitidos, reversão das suspensões e advertências.

Caso não haja negociação, diante da profunda IRRESPONSABILIDADE da gestão da PETROBRÁS, os trabalhadores serão obrigados a discutir a retomada da greve petroleira agora para a preservação da saúde da sociedade e dos trabalhadores e reversão das desumanas punições.

Federação Nacional dos Petroleiros – FNP