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BRASIL

Crivella “não cuidou das pessoas”

Marco Dantas, do Rio de Janeiro (RJ)
Reprodução / TV Globo

Prefeito é atingido por lama durante entrevista

Após as fortes chuvas que atingiram a cidade desde o final de semana, o prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella fez uma declaração que gerou grande repercussão e polemica nas redes sociais e revoltou moradores de comunidades. O bispo disse que cidadãos ocupam áreas de risco “para gastar menos com cocô e xixi”. Não bastasse a declaração ser carregada de preconceito, serviu também para tentar transferir a responsabilidade de suas ações para os moradores dos morros.

Marcelo Crivella está em seu último ano de mandato. Sua administração foi marcada por um misto de irresponsabilidade administrativa, descaso com o serviço público, aparelhamento político (via IURD) e preconceito religioso com a cultura e o carnaval carioca (principalmente os blocos).

Entra ano e sai ano, políticos profissionais, como Crivella, nada fazem para prevenir enchentes ou desmoronamentos decorrentes de temporais. Os mesmos políticos se utilizam de frases prontas ou clichês desferindo a culpa às famílias pobres e/ou culpando gestões anteriores em um circulo vicioso que condena a própria sorte a população mais desfavorecida localizada em encostas ou em bairros tradicionalmente mais atingidos por volumes d’água acima da média anual.

O slogam de campanha do prefeito do Rio “cuidar das pessoas”, não passou de puro cinismo e oportunismo eleitoral. Aliás, cinismo é a marca desse governo, que num grande temporal em 2017, que alagou a cidade, disse na ocasião que “a cidade passou no teste”.

A verdade é que o grande culpado pelas tragédias provocadas pelas chuvas no Rio é o próprio prefeito. Nos anos de 2017 e 2018, Crivella cortou R$ 594 milhões do orçamento da prefeitura em programas da Geo-Rio, Rio Águas e da Secretaria de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma) para prevenir/amenizar os efeitos de temporais. Houve também um corte de 70% no programa de contenção de encostas. Também em 2018 mais de duas mil famílias ficaram desabrigadas e quatro pessoas morreram.

Em 2019, a prefeitura não investiu na manutenção do sistema de drenagem e na prevenção de deslizamento, resultado: seis mortes.

Esse ano, Crivella cortou R$ 14 milhões do controle de enchentes e contenção de encostas e aumentou a verba da publicidade do governo em R$ 33 milhões. Afinal é ano eleitoral…

Com dados se combatem fatos. Portanto, não é culpa dos moradores da cidade escolherem viver em áreas de risco, é sim uma perversa realidade decorrente da desigualdade social, cada vez mais latente no Rio e no país.

Crivella é amigo de Bolsonaro e dos podres poderes constituídos e inimigo dos servidores e dos investimentos em saúde, educação e cultura. Um político que “não cuidou das pessoas”. Muito menos da cidade do Rio de Janeiro.

É preciso derrotá-lo nas ruas e nas urnas.