Esta quarta-feira, 13, amanheceu com um evento grotesco ocupando as manchetes dos principais noticiários do país. Durante a madrugada, uma dúzia de invasores pulou o muro da embaixada venezuelana em Brasília, a pretexto de substituir o atual corpo diplomático sob comando do presidente Nicolás Maduro por funcionários de Juan Guaidó, líder da oposição golpista da Venezuela que se auto-intitula “presidente” do país.

Sem precedentes na história diplomática do Brasil, a grave provocação contra o espaço soberano de nosso importante país vizinho durou mais de 12 horas, graças a uma estarrecedora letargia das autoridades brasileiras. E isso tudo justo no dia inaugural da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, China, África do Sul e Índia), atestando o rotundo despreparo da horda obscurantista comandada pelo chanceler Ernesto Araújo. Salta aos olhos também a “coincidência” deste evento ocorrer alguns dias após os golpistas de extrema-direita na Bolívia, impulsionados pelo governo brasileiro, assediarem a embaixada venezuelana em La Paz.

Sem se importar com as consequências desta barbaridade para os interesses diplomáticos de nosso país ou mesmo com a integridade dos diplomatas brasileiros em outros países, o deputado federal Eduardo Bolsonaro chegou ao cúmulo de apoiar publicamente a invasão, demostrando mais uma vez por que é um sujeito totalmente desqualificado para ocupar o posto de embaixador em Washington, conforme tramava seu (não menos desqualificado) pai. Por falar em Jair Bolsonaro, o ocupante do Planalto só veio a se manifestar depois de algumas horas de pressão, através de uma mensagem dúbia no twitter.

Vale notar que a invasão afronta a Convenção de Viena da ONU (1961) e o Decreto 56435 (08/06/1965), os quais garantem a proteção a um território estrangeiro. Ao demorar para proceder a retirada dos invasores, o governo Bolsonaro não só marginaliza a ainda mais o Brasil na comunidade internacional, como também tangencia mais um crime de responsabilidade, algo que vem se tornando corriqueiro neste governo das trevas. É preciso agora cobrar uma investigação bastante minuciosa sobre a logística da operação dos golpistas venezuelanos.

Por fim, devemos ressaltar o papel da militância do PSOL/DF e dos parlamentares do PSOL, Glauber Braga e Sâmia Bomfim, que junto ao deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) ingressaram na Embaixada e enfrentaram com a cara e a coragem o grupo de provocadores, sob o incentivo obstinado de dezenas de manifestantes do lado de fora. A intervenção exemplar dos parlamentares e manifestantes foi decisiva para que os invasores saíssem desmoralizados pela porta dos fundos da Embaixada. Por mais que possamos ter diferenças na leitura sobre o atual governo venezuelano, a esquerda e os setores democráticos do Brasil estiveram à altura de uma unidade de ação contra a extrema-direita lacaia do imperialismo ianque que vem tentando erguer a cabeça no nosso continente. Viva a soberania do povo venezuelano!

Executiva Nacional do PSOL
14 de novembro de 2019