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MUNDO

Do metrô em Santiago ao levante nacional: algumas razões da explosão social no Chile

Raúl Marcelo Devia Ilabaca, do Chile

 

Nesta sexta-feira, 18, após alguns dias com o movimento estudantil protestando e convocando a deixar de pagar o metrô, a única resposta do governo foi a criminalização do movimento e a repressão desatada dos carabineiros de Chile. Na sexta, o transporte público durante o dia foi se convertendo em um caos, que derivou na participação massiva dos trabalhadores e das trabalhadoras nas manifestações que espontaneamente começaram a ocorrer, levantando barricadas e queimando estações de metrô.

Ao entardecer, Santiago estava em chamas, literalmente, incluindo uma sucursal do Banco de Chile e o edifício sede da empresa de energia elétrica Enel (a mesma que atua em várias regiões do Brasil), que havia aumentado a conta de luz em cerca de 15%. Definitivamente, a explosão social que aconteceu tem razões profundas e o reajuste do metrô é apenas a ponta do iceberg.

As razões mais profundas não estão na superfície e não se pode ver. São resultado de anos de governos neoliberais que tem aprofundado as desigualdades e injustiças sociais, como a precariedade no direito à saúde e a crise hospitalar em todo o país, a baixa qualidade da educação, estudantes endividados, salários indignos para os trabalhadores diante de lucros milionários da elite e da afamada classe política; a corrupção dos empresários que conspiram para subir os preços do para subir os preços do confort, dos medicamentos; dos créditos bancários a taxas absurdas, o trabalho precário e informal, enfim, tudo no Chile é assim.

A elite tem corrompido o mundo político com dinheiro para financiar suas campanhas, tem deixado de pagar impostos, os governos perdoam as dívidas de impostos das grandes empresas e persegue aos moradores comuns deste território que não conseguem pagar a tarifa do metrô, do ônibus ou suas dívidas; e sem dúvida parte de tudo isto é a corrupção dentro das forças armadas, que tem roubado milhões de dólares nos chamados Pacogate e Milicogate. Por isso, e por muito mais, se explica a explosão social na capital do Chile e que está se expandindo pelo país, com chamados à manifestações na noite deste sábado na maioria das cidades do Chile.

Hoje a tarefa é de sair às ruas e nos manifestarmos por nossos direitos sociais e por nossas liberdades democráticas, que não somente são ameaçadas, mas cujo direito está sendo diretamente violado com a declaração do estado de emergência, que coloca um general do Exército no cargo da segurança (e da repressão) da capital, Santiago de Chile. Em resumo, os milicos estão nas ruas e ali nos encontraremos.

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