Os inimigos do inimigo da educação, a resistência ao governo Bolsonaro
Etimologicamente a palavra professor vem do Latim “professus” que significa pessoa que declara em público” ou “aquele que afirmou publicamente”. Esta expressão era usada para as pessoas que se declaravam aptas a exercer alguma função, nesta situação é ensinar. No dia 15 de outubro uma série de homenagens nas escolas e na sociedade foram feitas para aqueles que escolheram a prática docente como profissão. Aos professores e professoras, parabéns!
Seja por aptidão ou falta de opção, já que os cursos de licenciatura são muitas vezes a única esperança de ascensão social de uma parcela dos filhos da classe trabalhadora, ensinar é uma tarefa difícil que requer forma, conteúdo, paciência, altruísmo, capacidade de adaptação, vontade de aprender e acima de tudo gostar de pessoas e acreditar que elas podem mudar. É um processo dialético de ensinar e aprender, falar e escutar, ler e escrever, construir e se construir. Mas diferente do que muitas homenagens vão mostrar, professor não é herói, ele é resistência!
Ser professor no Brasil é se confrontar com dados alarmantes de desigualdade social e ter a escola como reflexo vivo dessa realidade. Segundo dados coletados pelo IBGE em 2018, 40% dos brasileiros com mais de 25 anos não tem ensino fundamental, 2/3 das crianças está fora da creche e analfabetismo, que persiste, é três vezes maior entre os negros. Enquanto 3,9% da população branca com 15 anos ou mais é iletrada, o percentual sobe para 9,1% entre os negros. Entre os brasileiros analfabetos com mais de 60 anos, 10,3% são brancos. E 27,5% são negros. Esse cenário não é à toa, é um projeto de atraso social das elites brasileira.
Bolsonaro resolveu atacar a educação e os professores no campo no campo ideológico e material. Seus cortes orçamentários agravam ainda mais a situação periclitante da educação no país. Pesquisas mostram que Plano Nacional de Educação está com 80% das metas estagnadas e com os cortes de verbas do governo a tendência é que todas as 20 metas do plano sejam estagnadas. Há uma cruzada contra os professores e Bolsonaro resolveu decreta-los como inimigos número 1 de seu governo.
O cotidiano do professor é de salas de aula lotadas, salários baixos, péssimas condições de trabalho, exigência de uma formação continua sem remuneração devida e que com um quadro, um giz, boa vontade e disposição, como que por um passe de mágica, a educação melhorará. A falta de investimento nas escolas e universidades públicas é o manual neoliberal de sempre de sucatear o público para justificar o privado. Criaram até a mentira de que o grande problema da educação é o excesso de ideologia. Quem fala isso nunca pisou numa sala de aula de escola pública, pois lá o que impera é a objetivação da ideologia das elites com o povo, o descaso.
O que eles não contavam era que com a educação não se brinca. Professores, junto com os estudantes e demais profissionais da educação, promoveram os maiores atos até agora contra o governo de Bolsonaro, o chamado “tsunami da educação”. Hoje as universidades são resistência contra o projeto do FUTURE-SE que está sendo rechaçado por toda comunidade acadêmica brasileira. Os docentes que ensinam suas matérias também podem dar aula de como defender nosso país contra os retrocessos.
Há um recado a ser dado a Bolsonaro: Não adiantar tentar nos calar porque quanto mais nos chamar de “doutrinadores”, mais empunhamos livros e canetas com arma contra sua ignorância e o obscurantismo anticientífico. Quanto mais Bolsonaro, a extrema-direita e os conservadores tentarem impedir o debate sobre gênero, mais veremos nossas alunas mostrando a força de luta das jovens nas ruas. E quanto mais tentam vender a ideia de que educação é privilégio para poucos, mais queremos mudar as coisas para que todos possam ter acesso ao livre conhecimento.
No Brasil, professor não é inimigo do povo, professor é resistência à Bolsonaro!
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